O Partido dos Trabalhadores adentra o segundo ano deste terceiro mandato do presidente Lula da Silva chafurdando entre o radicalismo e a ânsia de tentar negar e esconder os erros do passado.
O presidente Lula da Silva, maior estrela do partido, está um pouco fragilizado em razão da idade, alguns problemas de saúde já contornados, mas não perdeu a pose de boquirroto e anda por aí dizendo asneiras como, aliás, é do seu feitio.
Assim foi nalgumas viagens internacionais, assim está sendo internamente. Os vexames têm sido constantes.
O PT fala em democracia como se a praticasse plenamente. O partido é hipócrita, dissimulado, incongruente, contraditório.
Lula apóia ditaduras cruéis e se diz democrata.
Lula defende Cuba, que fuzilou centenas de nacionais e mantém outros milhares na miséria; defende a Venezuela, que prende jornalistas e adversários do presidente-ditador; defende a Nicarágua, que encarcera e expulsa padres e outros religiosos.
Em Cuba, “fuzilamentos desde a instauração do regime castrista podem ter chegado à casa de 17 mil” (Folha de S.Paulo/Mundo, 21/03/2010).
O regime jurídico implantado pelo ditador Fidel Castro criminaliza a oposição, julga e fuzila adversários.
Lula da Silva apóia este regime. Derrete-se pela ditadura cubana, mas se diz democrata.
A imprensa bajuladora delira com os discursos do presidente.
De janeiro a outubro de 2023, Lula da Silva despejou no Grupo Globo R$ 66,1 milhões em publicidade. A Globo foi agraciada com o primeiro lugar em verbas publicitárias do governo federal.
“Em 2023, a emissora recebeu mais recursos da propaganda oficial que todos os outros grupos de TV somados” (Veja, 22/01/2024).
Deu resultado. A Globo, suas afiliadas e penduricalhos vivem bajulando o presidente Lula e dando destaques para seus feitos, mesmo que não mereçam nenhum destaque.
Comentaristas e apresentadores do Grupo Globo se engasgam com suas palavras tentando colocar Lula da Silva em pedestal inalcançável para mortais comuns.
Chega a ser patético o esmero dos jornalistas globais em defesa de Lula da Silva.
A Globo o espinafrava antes e durante seu período de declínio e prisão.
O dinheiro, de fato, por onde passa amolece.
Agora José Genoino, ex-presidente nacional do PT e histórico guerrilheiro do Araguaia, saiu-se com uma fala impressionantemente abominável: sugeriu que os brasileiros boicotem as empresas de judeus e deixem de comprar dessas empresas.
Instituições judaicas reagiram. Brasileiros reagiram. O PT silenciou.
O conteúdo do que foi dito por José Genoino é tão inaceitável que dispensa qualquer comentário mais aprofundado.
As prisões e os tropeços pelos quais José Genoino passou não lhe serviram para amenizar o radicalismo, tampouco afrouxar suas posições extremas.
O PT não consegue se equilibrar entre os descalabros que inventou e pôs em prática – mensalão, petrolão, corrupção, defesa de ditaduras – e a necessidade de se firmar como partido político sério.
O passado não o ajuda.
A presidência nacional do PT está entregue à deputada Gleisi Hoffmann (PR), expoente do radicalismo lulopetista.
Em data recente, parlamentar fluminense e dirigente nacional do PT agrediu fisicamente um colega de Câmara, desferindo-lhe tapa no rosto e vociferando impropérios.
Ficou por isto. Sequer uma repreensão do PT.
O dilema do PT é oscilar entre o radicalismo e a necessidade de parecer partido sério. É o avesso da lógica.
O partido não consegue se desvencilhar de suas catástrofes morais.
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