Lula da Silva e a articulação política

Presidente Lula/Crédito: Andressa Anholete/Getty Imagens

“Aquele gabinete presidencial é uma desgraça. Não entra ninguém para dar uma notícia boa. Os caras só entram para pedir alguma coisa.” (Lula, segundo Sebastião Nery, Brasil 247, 21/06/2015)

Tendo em vista seguidas derrotas no Congresso Nacional, Lula da Silva sinalizou que vai pensar em aprimorar a articulação política.

É assustador Lula pensando.

Quando Lula pensou, surgiram mensalão, petrolão, refinaria Abreu e Lima, empréstimos para Venezuela e Cuba, relações espúrias com empreiteiras e outra série de escândalos que permearam os dois primeiros governos Lula que respingaram no período Dilma Rousseff.   

Quanto às derrotas do governo na Câmara dos Deputado e Senado Federal, nada que deva preocupar o presidente. Lula sabe disto. E sabe de cátedra.

Os parlamentares são dobráveis, vergonhosamente vergáveis.

Lula é experiente ao lidar com parlamentares. Ele foi deputado constituinte e conviveu com os “300 picaretas” que ele dizia ter lá. E disse na condição de presidente nacional do PT.

É razoável presumir que para resolver o problema de articulação no Congresso Nacional, basta o governo abrir os cofres e encher as burras de deputados e senadores de dinheiro público.

Sempre foi assim. Dinheiro amolece. Não existe ideologia que resista a um bolso cheio de dinheiro fácil. Ideologia de parlamentar só funciona no palanque em campanhas eleitorais e longe dos conchavos de gabinete.

Parlamentar só vota contra o governo – qualquer governo, de direita, de centro ou de esquerda – quando não é aquinhoado com benesses, mordomias, emendas parlamentares e etc.

É assim nos Estados. É assim nos municípios.

Parlamentares mudam até de partido político para viabilizarem o caminho do dinheiro em direção aos seus interesses.

A rigor, o único articulador respeitável de Lula da Silva é o senador e ex-governador baiano Jaques Wagner, líder no Senado Federal. Jaques Wagner tem pinta de senador, estatura de senador e é senador.

O senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso Nacional, por si só é uma piada sem graça. Articulação política pressupõe moderação. Ninguém pode levar a sério um parlamentar tão espalhafatoso.

O experiente deputado cearense José Guimarães, líder do governo na Câmara dos Deputados, parece ter vontade de articular, mas encontra resistência de colegas, inclusive de seu partido, o PT.

Lula tem um problema maior e bem próximo à sua mesa de trabalho. É o ministro palaciano Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.

Homem de extrema confiança de Lula, responsável pela articulação política, Padilha não é bem aceito no Congresso. Arthur Lira, presidente da Câmara, o abomina.  Não é pouco.

O fato é que Lula disse que vai dar mais atenção à articulação política com o Congresso Nacional e isto pressupõe que Lula vai pensar.

É preocupante.

araujo-costa@uol.com.br

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