Socorro Menezes: a solidão da despedida

“Tudo se acaba com a morte, até a própria morte” (Padre Vieira, Sermões)

Adeus difícil, dilacerante, cruel.

Maria do Socorro Menezes Ribeiro/Arquivo da família

À semelhança das folhas que caem, também nos desprendemos da árvore que sustenta a existência.

Maria do Socorro Menezes Ribeiro deixou Chorrochó e seguiu em direção à eternidade.

Nas últimas semanas, ela travou uma luta silenciosa para vencer o sofrimento, mas chegou o dia do adeus que dilacerou todos nós, parentes e amigos.

Mulher de muita fé e resignação, Socorro enfrentou a angústia da perda de seu núcleo familiar mais próximo: a mãe Izabel (Biluca), o pai Dorotheu, o filho Rogério e os irmãos José Evaldo e João Bosco (Joãozito). Travessia muito dolorosa para ela.

É o esteio de uma geração que foi trincando com a ação do tempo, mas os desígnios de Deus não nos permitem fazer reparos.   

Nascida em lar cheio de amigos e enfeitado com a família decente e alegre, Socorro manteve a tradição acolhedora. Atenciosa, generosa com todos e, sobretudo, dona de uma humildade impressionante.  

Sua árvore mais dileta foi-se desfolhando, mas ela pode contar, até o fim, com a grandeza e dignidade do marido Virgílio Ribeiro de Andrade, que sofreu ao seu lado todas as perdas e a amparou na solidão e nos momentos mais difíceis de dor e sofrimento.

Ao lado de Virgílio, seus familiares mais próximos enfrentaram esses dias finais de angústia.

Todos nós que ainda ficamos por aqui estamos todos fragilizados. A convivência com a saudade de Socorro e a adequação dos dias sem a sua presença serão difíceis, muito difíceis.

Mas o que explica o naufrágio da morte é a certeza da vida.  As palavras do padre Vieira conformam-se com o preceito de São Francisco: “É morrendo que se vive para a vida eterna”.

Socorro deixou alguns exemplos: a dignidade, a retidão de caráter e a generosidade, dentre muitos.  

Momento muito difícil.

Além da convivência fraterna que tivemos, Socorro era madrinha de batismo de minha primeira filha.

Deixo pêsames para compadre Virgílio e todos da família.

Que Senhor do Bonfim nos dê a capacidade de compreender o momento.

E que Jesus Cristo, redentor do mundo, lhe indique o caminho e Deus a ampare.

araujo-costa@uol.com.br  

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