O arroz suspeito de Lula da Silva

“É junto dos bão que a gente fica mió” (Ditado caipira mineiro)

Parafraseando o mineiro Benedito Valadares, o PT está onde sempre esteve.

Em meio à tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, o presidente Lula da Silva, mui apressadamente – e não mais que de repente – resolveu importar arroz.

Não se duvida, aqui, da boa intenção de Sua Excelência.

Tudo providenciado, segundo o governo, dentro dos conformes.

A Federarroz, entidade  que representa mais de 6 mil produtores de arroz, foi contra a importação do cereal determinada por Lula da Silva e justificou: 83% da plantação de arroz já foi colhida e não há risco de desabastecimento.  

Desnecessária a importação, segundo os produtores. 

A principal corretora que transitou para viabilizar o leilão é de um ex-assessor do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura envolvido no negócio nebuloso.

A oposição descobriu a falcatrua. A imprensa lulopetista silenciou.

Em resumo, aconteceu o seguinte:

Uma das empresas vencedoras do leilão é uma pequena mercearia que vende queijos em Macapá, capital do Amapá; a outra é uma sorveteria; a terceira é uma empresa de transporte.

Como se vê, nada a ver com importação de arroz e, menos ainda, com lastro financeiro para sustentar e garantir o dinheiro público envolvido.

A quarta empresa arrematante parece ser idônea e do ramo de importação.

Vamos aos números.

Lula da Silva autorizou a importação de 263,3 mil toneladas de arroz por R$ 1,3 bilhão. Dinheiro público, por óbvio.

A falcatrua mais gritantemente visível, embora todas as outras também sejam, é o caso de uma das arrematantes do leilão.

Trata-se de uma pequena empresa que tinha capital social de R$ 80 mil e sem nenhuma estrutura para importar. Receberia do governo Lula da Silva R$ 736,3 milhões para importar o arroz. Na semana do leilão, a empresa alterou o contrato social e aumentou o capital social para R$ 5 milhões. Não colou.

Portanto, a empresa de Macapá – mercearia de queijo – receberia do governo R$ 736,3 milhões para operar a falcatrua.    

Embora a grande imprensa lulopetista tenha silenciado sobre o escândalo, Lula da Silva ficou sem jeito e mandou cancelar o leilão, o que foi feito.

Neste particular, Lula acertou.

O secretário que coordenou o quiproquó, sem saída, pediu demissão. Caiu e já vai tarde.

Há precedente no PT.

Quando governador da Bahia e dirigente do chamado Consórcio Nordeste, Rui Costa comprou 300 respiradores de uma empresa que, segundo ela própria anunciou, entende  de confecção de roupas femininas íntimas e importação de medicamentos à base de maconha.

Pagou adiantado e não recebeu os respiradores. Salvo engano, as investigações continuam.

O fato é que, com tanta experiência política, Lula da Silva não está conseguindo se juntar aos bons.

E o PT está onde sempre esteve.

araujo-costa@uol.com.br

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