“Os hipócritas, como as setas das encruzilhadas, indicam o caminho que eles não seguem” (Thomas Moore, escritor irlandês, 1779-1852)

O que mais se vê na política de Curaçá é vaidade, muita vaidade, chega a ser um quê de prepotência. Nessa pré-campanha para lastrear as eleições municipais de outubro pululam os exageros.
O atual prefeito do município está no tempo de descer a montanha, se preparando para apear-se do poder e, logo, é mais livre para deixar para trás as promessas que não quis ou não conseguiu cumprir.
Seu vice e secretário, candidato à sucessão, está tentando subir a montanha e, por isto, encontra dificuldades, sobretudo por lhe faltar estrutura política de dizer o que pensa, mostrar ao que veio ou ao que virá, apresentar novas ideias, novos caminhos.
O vice parece restrito às amarras delineadas pelo prefeito, mormente a defesa de seu governo e a lembrança de suas realizações que – parece – não foram tantas assim.
O lado atrelado ao prefeito enaltece seus feitos, que foram muitos, segundo propalam nas redes sociais, o que não duvido.
Há muita hipocrisia – e este não é somente o caso de Curaçá, mas de todos os municípios. É que os candidatos estão em franca campanha, mas a legislação eleitoral, que também é hipócrita, diz que não se trata de campanha, mas de pré-campanha.
Daí porque os candidatos não podem pedir votos, o que caracterizaria campanha antecipada.
Agride a lógica e a inteligência de qualquer um, dizer que comícios, reuniões, discursos políticos e a presença de pré-candidatos em festas de distritos, povoados, arruamentos e fazendas, carregando a tiracolo um séquito de cabos eleitorais e admiradores, não significa pedir votos.
Nenhum pré-candidato comparece a esses eventos para participar de desfile de moda ou mostrar sua beleza, mas para angariar votos, mesmo que sutilmente, de forma subliminar.
Por que não o fazem em anos não eleitorais?
De onde vêm os recursos para os deslocamentos e regabofes festivos desses bem intencionados pré-candidatos?
O fato indubitável é que não se faz pré-campanha sem recursos financeiros. Em quadro assim, é razoável duvidar que os partidos políticos, por antecipação, estejam despejando dinheiro no bolso de pretensos candidatos tão longe das eleições, quando sequer se realizaram as convenções partidárias e tenham sido delineados os candidatos que enfrentarão as urnas.
Entretanto, há formas legais que possibilitam os pré-candidatos angariarem meios de sustentar suas pré-campanhas. Mas daí a dizer que eles não fazem campanha, mas pré-campanha, vai uma monumental e ingênua distância.
Contudo, a arte de fazer política convence até que cobra usa suspensório.
De outro lado, o candidato adversário do prefeito já está fazendo as vezes de futuro alcaide do município, coadjuvado por munícipes deslumbrados com a possível eleição do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) que parece ser um sujeito humilde e decente, atributos fundamentais para administrar o município.
Entretanto, está faltando cautela e sobrando vaidade aos apoiadores do petista.
Considerando que a Bahia é um feudo do PT, é razoável presumir que a eleição de Curaçá tende a ser definida a favor do candidato petista, embora cedo para se firmarem quaisquer elementos de certeza.
Mas – devagar – barulho de apoiadores não ganha eleição. O que conta é parcimônia, respeito ao adversário e, sobretudo, propostas viáveis e civilidade ao lidar com os antagonistas.
Quem tem mandato, ou já teve – caso do prefeito – está indicando o caminho que não seguiu, enquanto podia escolher as prioridades e o melhor destino para o município.
Quem não tem mandato – caso do candidato adversário – está na expectativa de ser ungido pela vontade das urnas e indicando um caminho que melhor lhe convém indicar.
Dificilmente o seguirá, se eleito.
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