
O município de Chorrochó alcança 70 anos de emancipação política neste 12 de setembro de 2024 aos trancos e barrancos. Mais aos trancos do que aos barrancos.
É constrangedor constatar que Chorrochó registra poucos avanços. Sucessivas gestões titubeantes ofuscaram as prioridades do município.
O aniversário de Chorrochó comporta outro registro, desta vez relativamente ao Legislativo.
A Câmara Municipal de Chorrochó tem um histórico de apatia e ociosidade quanto à construção do município. E a construção se faz com decisões legislativas firmes e respeito à história e às tradições.
Há senões gritantes que ofuscam o caminhar de Chorrochó.

Por exemplo, a Câmara Municipal até hoje, salvo engano, não votou a oficialização do Hino e da Bandeira de Chorrochó, o que chega a ser um descaso.
De outro turno, do alto de minha ignorância não entendo porque o prefeito precisa editar um ato decretando o dia 12 de setembro como feriado municipal quando, em regra, o feriado municipal decorre de lei criada e votada pela Câmara Municipal.
É o que se vê no Decreto 028, de 09/09/2024 que preceitua em seu artigo 1º: “Decreta feriado municipal no dia 12 de setembro de 2024 (12/09/204), quinta-feira, alusivo ao ANIVERSÁRIO DA CIDADE”.
Das duas, uma: ou não há lei votada pela Câmara definindo o dia 12 de setembro como feriado municipal ou o decreto é desnecessário. Se houver lei, ela por si só se sustenta e prescinde de decreto regulando o mesmo assunto já estanque.
Tirantes alguns interregnos louváveis, a Câmara de Chorrochó mais se destacou como simples anuente de decisões e de atos do Poder Executivo Municipal e isto dificultou, em anos, o desenvolvimento do município. Faltou inquietude, vigilância, dinamismo e olhar atento às necessidades da população.

Historicamente, a Câmara tem sido generosa em dizer amém ao Poder Executivo Municipal e não avançou em direção aos interesses mais prementes da sociedade.
Todavia – e apesar de tudo isto – continuo esperançoso quando ao futuro de Chorrochó.
Esperança é como água no leite. Sempre há.
De qualquer modo, como já escrevi muito sobre o município de Chorrochó, hoje quedo-me mais aos seus encantos, até para contribuir com aqueles leitores que acham meus textos jurássicos e outros tantos que os entendem inconvenientes e abelhudos.
O escritor e jornalista francês Georges Bernanos (1888-1948) escreveu que “a única diferença entre um otimista e um pessimista é que o primeiro é um imbecil feliz e o segundo é um imbecil triste”.
Insisto em ser otimista, neste particular: que nos próximos aniversários, os munícipes chorrochoenses tenham o que comemorar. Ainda não têm.
A data é propícia para citar nomes daqueles que, dentre muitos, contribuíram ou contribuem para que Chorrochó ainda permaneça em pé, embora cambaleando:
Francisco Pacheco de Menezes, Eloy Pacheco de Menezes, Aureliano da Costa Andrade, Dorotheu Pacheco de Menezes, José Calazans Bezerra (Josiel), Antonio Pires de Menezes (Dodô), Pascoal de Almeida Lima, Sebastião Pereira da Silva (Baião), José Juvenal de Araújo, João Bosco Francisco do Nascimento, Paulo de Tarço Barbosa da Silva (Paulo de Baião), Rita de Cássia Campos Souza e, por último, Humberto Gomes Ramos.
Que os vereadores enxerguem, além da alvorada que eles nunca vêem, novos horizontes, independentemente de corrente ideológica, viés político e coloração partidária.
A data requer outra observação.
Apresentada ao público pela primeira vez no desfile cívico de 12/09/1984, a Bandeira de Chorrochó ainda não foi oficializada pelo município, por razões difíceis de entender.
A Bandeira foi idealizada por uma equipe constituída de Dr. Francisco Afonso de Menezes, Maria do Socorro Menezes Ribeiro, Maria Therezinha de Menezes, José Juvenal de Araújo, Maria Creuza Miranda dos Santos Araújo e Marina Maria de Araújo Menezes.
De qualquer forma, inobstante o descaso com que as administrações mais recentes têm tratado a história de Chorrochó, os alicerces fincados por Dorotheu Pacheco de Menezes são difíceis de ser destruídos, apesar das conhecidas e inegáveis tentativas.
O nome de Dorotheu Pacheco de Menezes tem sido omitido, esquecido, desprezado. Isto não é bom – e nunca será – para a biografia dos que hoje decidem o futuro de Chorrochó.
A história de um povo, qualquer que seja ele, deve ser contada com isenção, sem ressentimentos, sem a pequenez dos desvios e viés políticos e, sobretudo, deve assentar-se na grandeza de propósitos.
Chorrochó está precisando mostrar sua história e não escondê-la.
Que Sua Excelência o prefeito Humberto Gomes Ramos, neste ocaso de sua cambaleante administração e os excelentíssimos e digníssimos vereadores tenham sucesso em suas atuações em prol de Chorrochó e de seu povo.
Parabéns Chorrochó.
Post scriptum:
Lembro, com tristeza, que este é o primeiro 12 de setembro que não podemos comemorar o aniversário de nascimento da professora Maria do Socorro Menezes Ribeiro, filha de Izabel Argentina de Menezes (D. Biluca) e de Dorotheu Pacheco de Menezes, esteio e baluarte da luta pela emancipação de Chorrochó.
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