“É fundamental que existam diversas opiniões, inclusive contrárias à minha.” (Leandro Karnal, historiador e escritor gaúcho).
Os candidatos a prefeito de Curaçá, altaneiro município baiano à margem do São Francisco, tentam engazopar o povo, a todo custo, neste apagar das luzes da campanha eleitoral.
Adriano Araújo, candidato da situação, esgoela-se para herdar o espólio do atual prefeito, com seus méritos, equívocos e descasos à frente dos destinos de Curaçá durante aproximados oito anos, período razoavelmente suficiente para qualquer administrador público, se tiver vontade, ajustar-se ao desejo de soerguimento social de sua gente.

Murilo Bonfim, candidato da oposição e do Partido dos Trabalhadores (PT), coadjuvado pelo apoio do governador, que visitou o município e prometeu mundos e fundos à população, tenta galgar a administração municipal dizendo-se apto e ciente de que vai consertar Curaçá.

Deus lhe proteja nessa empreitada, se for eleito. Desejo o mesmo ao seu adversário nessa disputa eleitoral.
Aprendi com os mais velhos, nos barrancos curaçaenses do Riacho da Várzea, que “nem tudo que reluz é ouro”. Logo, o cumprimento de promessa de político feita em ano eleitoral não é confiável, no mínimo deve ser vista com reservas.
Todavia, o que impressiona este escrevinhador é o sofrível nível da campanha eleitoral de Curaçá e a deselegância destilada em redes sociais por apoiadores apaixonados dos dois lados, muitos deles sem nenhuma noção do que sejam disputas eleitorais sadias que engrandecem o debate democrático.
Talvez esses apoiadores desconheçam que discordar e antagonizar de forma civilizada são fortes pilares de sustentação da democracia.
O confronto de ideias não deve submergir à pequenez das incompreensões e aos empecilhos das interpretações.
Contudo, os candidatos a prefeito têm-se mantido de forma civilizada, o que é louvável.
Beira ingenuidade a expectativa que apoiadores dos dois candidatos dizem esperar do futuro prefeito a ser eleito neste mês de outubro.
Os feitos do atual gestor foram ofuscados pelas críticas dos adversários, nem sempre sustentáveis, de modo que o candidato do prefeito – que participou da administração e mesmo assim – se vê incapaz de desmontá-las.
Das duas, uma: ou falta robustez de argumentos para justificar os feitos do prefeito ou sobra incapacidade de argumentar.
De outro turno, indubitável é que uma das qualidades do PT, dentre poucas, é entender de campanha eleitoral e inflar o ambiente político com supostas expectativas de vitória, incluídos aí delírios e lorotas.
O PT tem militância aguerrida, habilidade e métodos capazes de convencer os incautos de que seus candidatos são os melhores. O problema é quando o PT chega ao poder, mas esta é outra história.
Os dois lados da disputa de Curaçá fizeram muito barulho nesta campanha.
Entretanto, barulho não ganha eleição, mesmo que amparado em generoso fundo eleitoral, dinheiro público jogado às traças e ao lixo das ruas, por força de nossa generosa legislação.
Contudo, o pára-choque fundamental para coibir desmandos e orientar eficazmente a atuação do gestor, qualquer que seja ele, é a escolha dos membros da Câmara Municipal.
Se forem eleitos vereadores sérios e responsáveis – e Curaçá, neste particular, tem bons candidatos – a população estará segura de que haverá vigilância e fiscalização aos atos do Executivo, independentemente do prefeito escolhido nas urnas.
De qualquer modo, na condição de curaçaense de Patamuté, resta-me esperar que a voz das urnas se decida por um prefeito que corresponda aos interesses prementes da população. Assim, relativamente à escolha dos vereadores.
De todo modo, vamos nos curvar ao dizer das urnas, que são soberanas.
Minha esperança é que o distrito de Patamuté, desta vez, passe a ser bem representado na Câmara Municipal.
As coisas por lá andam muito difíceis.
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