
A Gruta de Patamuté começou a despontar como referência religiosa em 1903, quando, segundo João Mattos, “um erudito pregador e missionário católico, monsenhor Pedro Cavalcante Rocha, achou-a tão bela que nela terminou a Santa Missão que pregava em Patamuté”.
O cruzeiro do interior da Gruta foi colocado por esse dedicado missionário, como se ali estivesse fincando os primeiros andaimes para alicerçar a construção da fé em Patamuté.
Mais tarde, ainda segundo relato de João Mattos, “em 1905, o padre Manuel Félix de Moura, então vigário da freguesia, transferiu sua residência para a Gruta e nela implantou a devoção ao Sagrado Coração de Jesus”.
Foi o padre Manuel Félix que entronizou a imagem no altar da Gruta oferecida pelos habitantes de Patamuté e, sabe-se, iniciou as romarias ao Sagrado Coração de Jesus, que perduram até nossos dias.
Mas não se pode falar sobre os festejos da Gruta de Patamuté sem associá-los ao núcleo do distrito por inteiro, base da história local e ponto de apoio para as romarias que se realizam há mais de um século, mormente em primeiro de novembro, precedidas de alvorada, cantos e de muita alegria em louvor ao Sagrado Coração de Jesus.
O coronel Galdino Ferreira Matos (1840-1930), cujos restos mortais estão enterrados na Igreja de Patamuté, teve contribuição importante na construção da história religiosa do lugar.
Com os auspícios do coronel Galdino deram-se os primeiros passos para a construção da Igreja de Patamuté, isto por volta dos primeiros anos do Século XX, iniciando-se por lá a sincronia religiosa entre o distrito de Patamuté e a Gruta.
No distrito de Patamuté, o padroeiro Santo Antonio eleva-se altaneiro e excelso; na Gruta, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus faz-se viva a cada ano e atrai fiéis da região e de outros estados.
Peregrinos e devotos que têm a fé como sustentação do único alento da vida sertaneja acorrem anualmente à Gruta de Patamuté.
Anualmente, em 30 e 31 de outubro e 01 de novembro dá-se a romaria à Gruta de Patamuté.
A tradição católica comemora em 01 de novembro o Dia de Todos os Santos, data em que, na Gruta de Patamuté, os romeiros se reúnem, participam de missas e manifestações culturais, confessam-se diante dos sacerdotes e acendem velas para significar o pagamento de promessas ou pedido de graças.
Também já é tradição os ex-votos, objetos deixados pelos romeiros na Gruta que simbolizam agradecimento e fé.
Em outubro de 2016, por decreto do frei franciscano D. Carlos Alberto Breis Pereira, 4º Bispo da diocese de Juazeiro, a Gruta de Patamuté foi elevada à condição de Santuário Popular Sagrado Coração de Jesus.
D. Beto, como é conhecido, pertence à Ordem dos Frades Menores e atualmente é arcebispo de Maceió.
A estrutura de Santuário, embora precária, sinaliza que a tradição religiosa da Gruta se fortalece e sedimenta a construção da fé iniciada pelos pioneiros: monsenhor Pedro Cavalcante Rocha e padre Manuel Félix de Moura.
O Santuário Sagrado Coração de Jesus está sob orientação religiosa e coordenação do Frei Valdevan Correia de Barros, da Ordem dos Frades Menores Conventuais.
Em tempo:
A linha principal deste artigo está amparada no livro Descripção Histórica e Geographica do Município de Curaçá, de autoria de João Mattos e em anotações esparsas de arquivo deste escrevinhador.
Essa descrição foi apresentada ao 5º Congresso Brasileiro de Geografia em setembro de 1916 e, como se sabe, depois publicada. O livro é um dos sustentáculos e referência da história de Curaçá.
araujo-costa@uol.com.br