
Guardo o envelope de 31/10/1995, amarelado pelo tempo, com o selo do correio, a antiga ACT.
Já se vão, por aí, 29 anos. A passagem dos anos não olvidou a lembrança.
O rico conteúdo vinha da Avenida Coronel Jerônimo Pires na bela cidade de Belém do São Francisco, em Pernambuco.
O remetente ilustre, Marlindo Pires Leite. O envelope continha um exemplar do livro Fazenda Panela D’Água, de sua autoria, lançado em 1994 e resultado de alentada pesquisa sobre a genealogia dos séculos XVII-XX.
Marlindo Pires Leite anda por volta dos 70 anos, completados em 03 de outubro. Além de Fazenda Panela D’Água, publicou, dentre outros, Belém, Uma Cidade no Vale do São Francisco, A Arte Belemita – 160 anos e Igrejas, Capelas, Santos e Santas.
Gigante da cultura e das artes, mormente da arte pernambucana, Marlindo Pires Leite se especializou em fotografia, desenho, escultura, pintura e, sobretudo, destaca-se como abalizado historiador, referência quando se trata de conhecimento da história dos ancestrais.
É historiador e pesquisador com Licenciatura em História, dentre outros títulos.
Viajado, na contracapa de Fazenda Panela D’Agua há uma foto do autor, de 1986, no Principado de Mônaco.
Em razão de sua contribuição à cultura belemita, Marlindo Pires Leite recebeu do Legislativo Municipal a Medalha do Mérito do Centenário. É autor, salvo engano, do Brasão do Município de Belém do São Francisco.
Fazenda Panela D’Água foi dedicado ao professor Alípio Lustosa de Carvalho, ícone da cultura e da educação de Pernambuco, que escreveu a orelha do livro.
Em 1971, o professor Alípio Lustosa idealizou a fundação da Faculdade de Formação de Professores de Belém do São Francisco. A Faculdade foi instituída em 1975 no prédio da histórica Escola Normal Nossa Senhora do Patrocínio.
A Faculdade de Formação de Professores foi o embrião do CESVASF (Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco), respeitável estabelecimento de ensino sanfranciscano.
Marlindo é filho de Hermelinda Pires Leite e Mário Horácio Leite e, acrescenta ao meu pífio conhecimento uma informação valiosa: descende, longinquamente, pelo lado materno, dos fundadores de Curaçá, Bahia, meu torrão e minha referência.
Nome por todos reverenciados, Marlindo Pires Leite enriquece a cultura da região.
Posto scriptum:
Li, por aí, e confrontei com registros de Marlindo Pires Leite que “Panela D’Agua era uma antiga fazenda de gado situada ao leste da Serra do Arapuá no Sertão do Pajeú, arrendada em 1756 ao morgado da Casa da Torre na Bahia, e pertencente a Francisco Garcia D’Avila Pereira e Aragão proprietário destas terras na Província de Pernambuco, pelo português Manoel Lopes Diniz e posteriormente comprada pelo seu filho Manuel Lopes Diniz”.
Aí – ou lá – nasceram as pesquisas de Marlindo Pires Leite que resultaram no livro Fazenda Panela D’Agua, indubitável referência da cultura regional.
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