O general João Batista Figueiredo, último presidente da ditadura militar, safra de 1964, quando se referia a indivíduos de pouca inteligência, não os chamava de burros, mas de asnáticos.
Talvez não quisesse ofender os burros, embora se tratassem de substantivos correlatos.
A Polícia Federal investiga e a imprensa vem publicando atabalhoadamente, que alguns militares, inclusive um general da reserva do Exército – quatro foram presos – arquitetaram a morte de Lula da Silva e de seu vice Alckmin, eleitos em 2022 e também a eliminação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
É possível duvidar da inteligência desses militares. A investigação diz que o plano foi delineado e impresso e até circulou nalguns palácios de Brasília.
A Polícia Federal diz que está estribada em provas sustentáveis e robustas, embora as investigações continuem.
Então, se a Polícia Federal estiver certa, resta perguntar:
Como um plano desses, condenável em todos os aspectos, podia dar certo, se os próprios idealizadores espalharam o roteiro, nomes dos alvos, locais, armas que seriam utilizadas e até hipótese de envenenamento?
Há uma parte mais hilária, se trágica não fosse. Alguns desses militares saíram para executar parte do plano, mas desistiram em meio do caminho, “abortaram a operação”, em linguagem técnica.
Nunca, na história do Brasil, passando pelo Império e República, houve episódio tão grave, condenável e repugnante.
O Brasil enfrentou ditaduras fortes, a exemplo da ditadura Vargas (1937-1945) e a ditadura militar (1964-1985) e nunca assassinou presidentes, vices, ministros do Supremo, etc.
Das duas uma, ou esses militares sofrem de alguma enfermidade mental ou viviam absortos em algum tipo de droga que lhes suprimiu a sanidade e os levou ao delírio.
É estarrecedor que o Exército mantenha, em seus quadros, mentecaptos como esses, integrando suas forças de elite.
Não devemos compará-los aos burros. É uma ofensa aos muares.
Fica a impressão que o Exército do Brasil não está sendo vigilante com suas próprias entranhas.
De qualquer forma, resta concluir que nosso Exército vai mal, muito mal. Isto respinga nas Forças Armadas como um todo.
Não pode ser assim.
araujo-costa@uol.com.br