
O ministro da Fazenda Fernando Haddad prometeu, em reunião, ao ministro da Defesa e aos comandantes das três forças, Exército, Marinha e Aeronáutica, que incluiria no pacote fiscal, além dos militares, juízes, procuradores, defensores públicos e demais membros do Poder Judiciário, ou seja, incluiria todas as categorias e nenhuma ficaria de fora.
O Poder Judiciário ficou.
Haddad não cumpriu a promessa e os militares desconfiam que se tratava de uma lorota, que de fato é.
Estão no Judiciário os grandes e super salários.
Os exemplos são gritantes. Cito apenas dois:
Em dezembro de 2023 os salários e os penduricalhos dos desembargadores do Estado do Pará “ultrapassaram a marca de R$ 800 mil.” (O Antagonista/Crusoé, 17/01/2024).
Em novembro de 2023, uma juíza do Rio de Janeiro recebeu naquele mês acima de R$ 1 milhão de salários e penduricalhos (O Estadão/Conteúdo, 05/01/2024) .
Esta é a elite intocável que trucida a humildade dos pobres e desamparados e vai para as salas de audiências dar lição de moral nos humildes que procuram a Justiça.
Contudo, como nossa democracia foi para o beleléu, mas o Supremo Tribunal Federal diz que ela existe, essa elite continua gozando de suas benesses, porque ninguém pode reclamar e, se reclamar, nada vai adiantar e, se adiantar, corre o risco de ser preso.
À semelhança de sanguessuga, essa elite continuará sugando os brasileiros, enquanto grande parte deles passa fome, embora Lula da Silva e o PT digam que tiraram todos da pobreza.
A característica admirável do PT, desde sua fundação em 1980, é a imutabilidade de sua cara de pau.
Em 22/03/2018, a professora e deputada estadual Fátima Nunes, de Paripiranga, que presidia a 9ª sessão especial da Assembléia Legislativa da Bahia disse, em discurso, que Jaques Wagner “tirou a lata d’água da cabeça das mulheres”. A deputada certamente já deve ter conhecido melhor o sertão da Bahia.
Fernando Haddad é um bom moço, ninguém duvida disto, mas nada faz sem o aval do chefe e não poderia ser de outra forma, porque é subordinado ao morubixaba de Caetés, além de dever a Lula seu status e sua projeção política.
Lula da Silva não é ingrato com os amigos. Nunca foi. Quem o conhece sabe que não é.
Lula não permitiria incluir a elite intocável do Poder Judiciário no ajuste fiscal, por uma razão muito simples: Lula tem uma dívida impagável com a categoria, per omnia saecula saeculorum, para todo o sempre.
O Judiciário anulou todas as condenações de Lula da Silva e anularia outras tantas, se mais tivesse.
Lula da Silva, além de rico, ainda se diz, honrosamente, o homem mais honesto do Brasil, atributo que ostenta com o beneplácito do Poder Judiciário que, como se diz no meio jurídico, erra por último.
É uma maldade Fernando Haddad ter ensaboado José Múcio, nosso digníssimo ministro da Defesa, senhor culto, equilibrado, sensato e elegante, tudo que o PT não é.
Políticos costumam misturar alhos com bugalhos.
“A percepção do meio militar é que o governo se aproveitou da fragilidade provocada na opinião pública por causa das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado na gestão Jair Bolsonaro.” (Jornalista Raquel Landim, UOL, 29/11/2024).
Ou seja, o pretexto serviu para o governo abocanhar o direito dos militares e deixar o Judiciário de fora do ajuste fiscal.
Como em toda corporação, há bons e ruins.
Há pessoas impolutas e delinquentes.
Esse episódio do suposto golpe de Estado não pode contaminar as Forças Armadas por inteiro, nem deve servir de muleta para o PT se firmar e justificar seus erros históricos.
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