“Agora estou ouvindo tudo, até conselhos.” (Heitor Dias, 1912-2000, prefeito de Salvador no período de 1959-1963).

Curaçá empossou o prefeito Murilo Bonfim em 01/01/2025.
O novo prefeito precisa “escorregar pra cima”, como dizia o escritor Guimarães Rosa.
Escorregar pra cima, neste caso, significa passar por cima de todos os vícios das administrações anteriores e fincar um novo tempo de luta e seriedade em benefício do município.
A vitória de Murilo Bonfim decorreu da esgarçadura do modo de governar do prefeito anterior e de seu grupo político por ele capitaneado, de modo que o fundamental para o novo alcaide é trabalhar para operar mudanças neste cenário tão desgastado por que passa Curaçá.
Este cenário resultou na esperança de um novo olhar manifestado nas urnas. A vontade popular rejeitou a continuidade e a mesmice e parece se sustentar na esperança de horizontes mais promissores.
Se quiser ser bem-sucedido – e é possível que queira – o prefeito de Curaçá precisa ouvir conselhos e muitas ponderações.
Não conselhos de amigos chegados, apoiadores próximos e assessores bem remunerados, mas conselhos de quem mais entende de abandono e desamparo: o povo.
“Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam e bajulam, porque me corrompem”, provérbio atribuído a Santo Agostinho.
Entretanto, os políticos costumam ouvir os bajuladores e não os críticos.
A capacidade de absorver as críticas e disposição de ouvir conselhos podem ser o caminho para aperfeiçoamento da administração pública do município.
É preciso extirpar, sem ressentimentos, as marcas de administrações capengas, ineficientes, opacas e cochilantes, independentemente de espectro político e coloração partidária.
Ao desamparado que precisa da atenção do poder público não interessa a cor da camisa do gestor, mas sua disposição de exercer o cargo com ética e dignidade.
O prefeito não pode ficar ancorado no passado e atuar como se vivesse no tempo do mandonismo político, mas apresentar os feitos à população não como se fossem favores da Prefeitura, mas direitos dos munícipes e deveres do gestor.
Quanto ao secretariado e assessores escolhidos e anunciados pelo prefeito, razoável ponderar que se compõem de pessoas experientes, bem preparadas e, sobretudo, voltadas para o zelo do bem público.
Hoje – parece – parte da sociedade está mais vigilante, inclusive sobre a atuação dos vereadores.
Contudo, se o prefeito não tiver vigilância diuturna da Câmara Municipal – o que é difícil ter – provável que tudo deva continuar na mesma toada de antes.
“Toda ideia precisa de outra que se lhe oponha para aperfeiçoar-se.” (Hegel, 1770-1831).
A nobre função fiscalizadora da Câmara Municipal agiganta-se toda vez que o dever é separado das paixões políticas.
Nesta quadra do tempo, em Curaçá ou em qualquer outro município, não há mais espaço para vereadores acomodados e subservientes à vontade do prefeito.
De qualquer modo, agora é tempo de torcer para o êxito do prefeito Murilo Bonfim e desejar-lhe sabedoria para delinear os destinos de Curaçá.
Post scriptum:
Desejo êxito e muita disposição aos secretários e assessores da nova administração de Curaçá.
A Elias Fonseca Martins, chefe da Assessoria de Comunicação, deixo registradas minha admiração e a certeza de que exercerá sua função com zelo, desenvoltura e responsabilidade.
araujo-costa@uol.com.br