Curaçá e política de acusações

É indubitável que estamos vivendo tempos excêntricos e formas enviesadas de comportamento na vida pública.

Na condição de curaçaense, temo que o prefeito Murilo Bonfim (PT) siga o caminho temerário e truculento adotado pelo lulopetismo: “nós contra eles”.

Prefeito Murilo Bonfim/Reprodução de foto da campanha eleitoral

Não conheço o prefeito, o que para ele não tem nenhuma ou qualquer importância, embora tenha boas referências de Sua Excelência.

O que se convencionou chamar de polarização apequena a política séria, apequena os políticos que se dizem sérios e permite a abertura de um fosso entre a nobreza do mandato popular e a civilidade política, reduzindo-os à mesquinhez e à insensatez.

Seria um desastre para Curaçá.

Pululam acusações contra o ex-prefeito Pedro Oliveira, que também não o conheço e ele deve estar se lixando para o que escrevo. E faz muito bem.

Entretanto, parece que em Curaçá está faltando um senhor equilibrado chamado Bom Senso para desanuviar o emaranhado de entulhos verbais deixados pela campanha eleitoral de 2024 que não podem persistir sob pena de contaminar ideologicamente a administração do município.

A nova administração municipal vem apontando uma série de irregularidades supostamente praticadas na gestão anterior, tais como sucateamento de veículos, insuficiência de recursos para pagamentos de servidores, débito da Municipalidade junto ao INSS, prédios abandonados, negligência de zeladoria, lixo acumulado nas ruas, et cetera.

À vista desse quiproquó entre o prefeito que entrou e o que saiu, é razoável ponderar que tanto a sociedade quanto a Câmara Municipal têm o nobre dever de fiscalizar, sugerir, apontar erros, indicar caminhos razoáveis e, se for o caso, denunciar desmandos eventualmente praticados em toda e qualquer gestão púbica.

Ex-prefeito Pedro Oliveira/Reprodução google

Consequentemente, partindo do pressuposto de que havia tantas irregularidades como agora são apontadas, cabe perguntar onde estavam os vereadores de Curaçá, independentemente do viés político – situação ou oposição – e líderes da sociedade curaçaense que não fiscalizaram e/ou denunciaram tais desmandos no decorrer da administração anterior?

Aliás, Curaçá não é uma metrópole confusa que possa dificultar a detecção dessas irregularidades, de modo que não é difícil constatar falhas da gestão pública, seja a olho nu, ou através dos portais de transparência disponíveis, se for o caso.

Outrossim, há órgãos de controle que também cuidam da vigilância e emprego do dinheiro público, que normalmente agem quando provocados pela sociedade, considerados os que atuam de ofício.   

De outro turno, salvo engano, o prefeito está prestes a mandar para a Câmara Municipal – ou já mandou, se não desistiu – projeto criando algumas dezenas de cargos e definindo vencimentos que, a grosso modo, são incompatíveis com o município que diz faltar dinheiro para pagar o básico, a exemplo de servidores.

Assim, parece haver uma estridente incompatibilidade entre o estado de penúria do município alegado pela nova gestão e o pretendido por ela.

De qualquer modo, o “nós contra eles” é abominável em Curaçá ou em qualquer lugar.

Contudo, revela-se animador saber que o prefeito Murilo Bonfim se cercou de uma equipe experiente e competente, dentre secretários e assessores, o que ajuda a escolher um novo e bom caminho para Curaçá.

É preciso estruturar as mentalidades em Curaçá, sem o que não acontecerá nenhuma mudança. O município não pode ficar atrelado aos erros de gestões opacas e eventualmente negligentes, tampouco se tornar uma fábrica de acusações.

araujo-costa@uol.com.br  

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