“O Brasil não é um país sério.” (Carlos Alves de Souza Filho, diplomata brasileiro, 1901-1990).

Em outubro de 2024 pelo menos seis ministros aposentados do Superior Tribunal de Justiça (STJ) receberam salários muito acima de R$ 300 mil, por conta dos vergonhosos penduricalhos que driblam o teto constitucional que, a rigor, é uma figura jurídica decorativa.
É o caso da notável e impoluta Eliana Calmon, baiana de Salvador e ministra aposentada do STJ que recebeu R$ 319.718,27 somente em outubro de 2024.
Eliana Calmon é aquela mesma Excelentíssima Senhora, que na condição de Corregedora Geral da Justiça, vivia criticando excessos no Judiciário. Certamente ela não se referia a excessos de mordomias e salários.
A elite do Judiciário continua insensível às necessidades dos brasileiros que passam fome.
“Ao menos 41 juízes ganharam mais de R$ 500 mil cada em bônus em dezembro”, segundo matéria do UOL de 24/01/2025.
A matéria apresentou uma lista de magistrados que ganharam, só em dezembro de 2024, salários que ultrapassaram R$ 600 mil.
Exemplos: um magistrado de Rondônia ganhou R$ 778.787,17 e outro do TRT de São Paulo ganhou R$ 788.358,05.
Pior: paulatinamente o Judiciário vai ampliando seus salários e mordomias e se distancia cada vez mais dos pobres mortais.
Isto, inevitavelmente, respinga na credibilidade do Poder Judiciário.
Os brasileiros fazem das tripas coração para pagar impostos. Sustentam os supersalários de Suas Excelências, que continuam boiando na intocabilidade.
A sociedade – ou parte dela – e o Judiciário caminham em sentido inverso. Enquanto brasileiros desamparados vêem a Justiça escapar de seus clamores, membros do Poder Judiciário se lambuzam em supersalários, mordomias e privilégios tais que os tornam diferentes dos demais brasileiros
Em tempo:
A frase “O Brasil não é um país sério” foi atribuída durante muito tempo a Charles de Gaulle (1890-1970), mas em 1979 o diplomata Carlos Alves de Souza Filho que representou o Brasil na França e chegou a negociar conflito diplomata com o presidente francês, assumiu a autoria da frase.
Entretanto, até hoje a frase é atribuída ao presidente da França.
araujo-costa@uol.com.br