
É de pressupor, por óbvio e justo, que os admiradores mais arraigados do atual prefeito de Curaçá queiram melhores dias para o município.
Entretanto, não parece razoável fazer política partidária rasteira, pífia, carente de elegância, que nada acrescenta, nada constrói, nada produz.
Em quadro assim, incongruentes ideológicos atrapalham mais do que ajudam. A História registra que a arrogância e os excessos na atividade política têm sido as causas de retumbantes fracassos.
Ideal seria que a honorabilidade e lisura do político, com ou sem mandato, qualquer que seja ele – de esquerda, de direita, de centro ou de qualquer lado – fossem preservadas de ataques, ofensas e, sobretudo, sustentadas no respeito que todos os cidadãos devemos ter.
Os candidatos são submetidos à voz das urnas. Se a maioria escolheu um e não outro – e isto é princípio básico da democracia – a minoria deve aceitar a condição de derrotada, sem, entretanto, abdicar do direito de fazer oposição, nem ser tolhida no exercício desse direito.
Vitoriosos e derrotados não podem extrapolar os limites verbais e descambar para a grosseria.
As palavras têm fronteiras.
Quem quiser divergir, pode divergir, civilizadamente.
A liberdade de coexistir e de ouvir, pressupõe a liberdade de dizer. E o dizer do outro não é menor que o nosso dizer, mantidos o equilíbrio, a elegância e a decência.
O normal é que, abertas as urnas, a sociedade acolha o prefeito eleito, com absoluta correção de comportamento. O município de Curaçá parece maduro no sentido de aquilatar o significado da vontade da maioria, mas falta aparar as arestas das incompreensões.
Contudo, é terrivelmente deselegante fazer acusações atabalhoadas a adversários, simplesmente porque quem acusa pertence ao grupo político vitorioso.
Importa a convivência social necessária entre vitoriosos e derrotados. O interesse público está acima dos antagonismos.
Em Curaçá persiste o ambiente pesado de acusações contra o prefeito que saiu, de modo que, parte da sociedade curaçaense parece ainda viver no fervor da campanha eleitoral de 2024.
São as autoridades competentes que dirão a palavra final sobre a conduta do ex-prefeito no exercício do mandato, se agasalhada ou não pelas leis, equilíbrio e ética pública.
Mas, convenhamos, quem fica oito anos na condição de prefeito sem ser incomodado, certamente teve tempo de se precaver de eventuais cochilos e de arranhões às leis.
Há apoiadores do prefeito atual de Curaçá que acham que tudo que eles não conhecem é questionável do ponto de vista da lisura administrativa. Apoiar o atual prefeito não significa espezinhar o antecessor.
Não parece sensato, sair por aí, a torto e a direito, apontando erros da administração anterior. A prudência aconselha esperar a apuração dos fatos tidos como irregulares, o que é atribuição das instâncias competentes. Estão aí, por exemplo, os diligentes órgãos de controle.
Democracia também é submissão às regras.
As redes sociais têm sido propícias para o despejo de referências espalhafatosas de apoiadores, tanto do prefeito que saiu quanto do prefeito que assumiu em janeiro de 2025.
A campanha eleitoral se foi, escafedeu-se.
Já é tempo de recorrer aos filtros da sensatez e da elegância.
araujo-costa@uol.com.br