A vaca fardada, os generais de Bolsonaro e o preço dos ovos

Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República/Brasil Escola-UOL

“Em matéria de política, sou uma vaca fardada.” (General Olímpio Mourão Filho, 1900-1972) .

Em 1964, o general Olímpio Mourão Filho partiu de Juiz de Fora, Minas Gerais, com as tropas do Exército, destino ao Rio de Janeiro, com o intuito de derrubar o presidente constitucional João Belchior Marques Goulart (Jango) que viria a cair, não necessariamente por ação do general Mourão.

Mais tarde, num momento de lucidez, o general Mourão Filho declarou: “Em matéria de política, sou uma vaca fardada”.

Sobreveio a ditadura militar de 1964, cinco generais-presidentes, uma Junta Militar, vinte e um anos de escuridão e o que mais se conhece do período que não vem ao caso recordar.

Em data recente, surgiu o quiproquó do final do governo Bolsonaro que resultou na suposta tentativa de um golpe de Estado.

A Polícia Federal, comandada pelo ex-chefe da segurança pessoal de Lula da Silva, diz que a famigerada tentativa de golpe foi arquitetada pelo então presidente Bolsonaro.

A Procuradoria Geral da República concordou com a PF e não há novidade nisto, porque este é seu papel constitucional: acusar.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal vai condenar Bolsonaro, em tempo recorde, a passar alguns anos no xilindró para aprender a deixar de ser besta e não brincar com coisa séria.   

A Primeira Turma do STF compõe-se de cinco ministros, quatro indicados pelos governos petistas. Dilma Roussef indicou Luiz Fux; Lula da Silva indicou Carmen Lúcia, seu advogado Cristiano Zanin e seu ministro da Justiça Flávio Dino. Alexandre de Moraes, relator do caso Bolsonaro, foi indicado por Michel Temer.

Indubitável que a condenação do ex-presidente Bolsonaro já está alinhavada e engendrada, independentemente de provas, regras e disposições processuais.

A imprensa lulopetista já vê a condenação como favas contadas, inobstante Bolsonaro ainda não ter exercido seu direito de ampla defesa, como prevê a Constituição da República, embora ditames constitucionais na atual conjuntura sejam relativos e moldáveis, consoante o que entender o STF.

A julgar pela quantidade de acusações que pesam sobre o ex-presidente Bolsonaro e alguns de seus generais auxiliares, deve haver muitas vacas fardadas nos quartéis que não entendem bulhufas de política.

O general Mourão Filho pelo menos teve a humildade de reconhecer sua ignorância política. Não se sabe se outros terão essa humildade.

Militares – até com patente de generais, inclusive da reserva do Exército – e pessoas do entorno do presidente da República ocuparam-se com toda aquela trapalhada ingênua apontada nas investigações, o que chega a ser uma babaquice.

Há exageros, evidentemente.

Ainda bem que não deu certo.

Como um golpe de Estado pode acontecer nessa quadra do tempo, tendo à frente gente tão incompetente?

Salvou-se o Brasil.

Salvamo-nos todos nós.

Esses bolsonaristas investigados por golpe de Estado devem ser absolvidos pelo Poder Judiciário.

Trata-se de tentativa de crime impossível, em razão de absoluta falta de inteligência de seus idealizadores.

Risível, patético:

Uma comentarista lulista da GloboNews, possivelmente na ânsia de agradar o governo do presidente Lula da Silva, disse que uma das causas do aumento do preço dos ovos é que as galinhas estão trocando as penas.

“Pode isso, Arnaldo?”

De fato, há uma ocorrência natural que acarreta a troca das penas das galinhas poedeiras e causa pausa na produção.

Mas daí a dizer que isto fez aumentar o preço dos ovos no Brasil vai uma grande distância, até porque as galinhas trocaram de penas outras vezes e não somente agora nesta fase difícil do governo Lula.

araujo-costa@uol.com.br   

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