Dom José Rodrigues, lembrar para refletir

D.José Rodrigues de Souza, da Congregação do Santíssimo Redentor/Crédito: Arquivo Padre José Bertanha, C.Ss.R

Corria o ano de 1975. D.José Rodrigues de Souza, da Congregação do Santíssimo Redentor, tomou posse em 16 de fevereiro na Diocese de Juazeiro. O Papa Paulo VI o nomeou bispo de Juazeiro em 12/12/1974 na condição de sucessor de D. Tomás Guilherme Murphy, estadunidense e primeiro bispo diocesano.

Nascido em Paraíba do Sul (RJ) em 25.03.1926, o redentorista D. José Rodrigues viria a ser, com afinco e tenacidade, o defensor dos excluídos, mormente das populações atingidas pela Barragem de Sobradinho, realidade que encontrou em ebulição e lutou para mudar as condições de vida daquela gente.

Deu amparo, diuturnamente, às populações sanfranciscanas agasalhadas pela Diocese, em seus momentos mais difíceis, inclusive em programas semanais na Rádio Juazeiro e Emissora Rural, da vizinha e próspera Petrolina.

A propósito, o jornalista Siegried Pater publicou na Alemanha o livro intitulado “O Bispo dos Excluídos: Dom José Rodrigues”.

Embora fluminense, D. José Rodrigues construiu toda sua formação religiosa em São Paulo, a partir do ingresso, em 10.08.1938, no Seminário Redentorista Santo Afonso, de Aparecida. Cursou Filosofia e Teologia no Seminário Santa Terezinha, em Tietê (SP). O noviciado foi feito em Pindamonhangaba, também em São Paulo.

Ordenado sacerdote em 27.12.1950, celebrou sua primeira missa em 07.01.1951 e foi sagrado bispo em 09.02.1975

Em 1969 já havia feito especialização em Catequese e Pastoral, em Bruxelas, Bélgica. Foi professor em Aparecida e integrou as Santas Missões Populares em diversos estados, dentre eles Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

Sua renúncia ao governo da Diocese de Juazeiro, aceita pelo Papa João Paulo II, deu-se em junho de 2003, em obediência às regras da Santa Sé e considerada a idade prevista nas leis canônicas.

Passou a viver em Trindade, Goiás, na condição de bispo emérito de Juazeiro. Na década de 1970, havia sido Superior Vice-Provincial de Brasília, depois Província de Goiás.

Faleceu em 09/09/2012 aos 86 anos.

Independentemente dos títulos que possuía, a vasta cultura e conhecimento profundo da Língua Portuguesa, D. José Rodrigues era humilde e exemplo de urbanidade.

Conheci-o  em Curaçá, encantador município baiano debruçado à margem do Rio São Francisco. Já morando em São Paulo, tive com ele diversos contatos.

Participei, em 1975,  do Cursilho de Cristandade da Diocese de Juazeiro por ele presidido. Impossível não admirá-lo.

Guardo com carinho em meus alfarrábios uma frase que ele escreveu à mão e me passou numa agradável ocasião: “A palavra de Deus é semente. Que ela encontre, sempre, um bom terreno em seu coração”.

Lembrar do redentorista D. José Rodrigues é encontrar momentos para refletir sobre sua dedicação à Igreja e à causa dos mais humildes, que nunca os abandonou e, sobretudo, lembrar da intensidade da fé que professava.    

araujo-costa@uol.com.br

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