
“A tesouraria do PT é tida como o grande pano de fundo da crise que tomou a eleição interna. É ali que se faz a gestão do fundo eleitoral e do fundo partidário. O que confere ao ocupante da vaga um enorme poder de influenciar a gestão da sigla” (CNN Brasil, 11/03/2025).
Noutras palavras, é a Secretaria de Finanças do partido que está sendo disputada internamente no PT, rachou as correntes do partido e vem dificultando o governo do morubixaba Lula da Silva.
Ou seja, todos querem a cobiçada função de Tesoureiro. Na Tesouraria foram forjadas – ou passaram por lá – partes dos grandes escândalos financeiros dos governos petistas que desaguaram na finada operação Lava Jato.
Agora, Lula engendrou a coisa que acha certa.
Lula colocou a espevitada Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-presidente do partido, na Secretaria das Relações Institucionais, para articular com o Congresso Nacional e, para ficar tudo em casa, manteve o namorado de Gleisi e também deputado Linbdberg Farias (PT-RJ) na liderança do PT na Câmara dos Deputados.
Como se vê, dois radicais incompatíveis com a civilidade política, que apóiam abertamente ditaduras e, não obstante, se dizem democratas.
Experiente, Lula da Silva vê a coisa mais longe, muito distante. A caminho dos 80 anos, muito inteligente, visivelmente fragilizado pela idade e alguns problemas de saúde, já está preparando a estrutura de seu conturbado espólio político na eventualidade de não poder levar adiante.
Lula quer Edinho Silva, ex-ministro petista e ex-prefeito do município paulista de Araraquara, na presidência nacional do partido.
Vai entronizá-lo, certamente. Ninguém no PT contraria Lula. E neste particular, Lula está certo. Edinho Silva destoa desse radicalismo partidário que Gleisi Hoffmann e outras figuras do PT abraçaram.
Em época de queda de popularidade de Lula e do governo, não parece razoável que Gleisi Hoffmann e Lindberg Farias sejam as pessoas ideais para cuidarem da articulação e das costuras entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.
Obscurantismo empaca o governo e ninguém quer isto para o Brasil.
Para piorar, Lula da Silva mantém, salvo engano, o excêntrico Randolfe Rodrigues (PT-AP) como líder do governo no Congresso Nacional. O senador do Amapá é o avesso da razoabilidade política.
Todavia, nem tudo está perdido. O senador Jaques Wagner – se não mudar – deverá continuar líder do governo no Senado Federal. Experiente e equilibrado, é o único senador da Bahia que tem condições de exercer, com êxito, essa função.
A verbosa Bahia de Ruy Barbosa se transformou na capitania hereditária do Partido dos Trabalhadores (PT) e está dando as cartas no governo federal através do ex-governador e ministro da Casa Civil, Rui Costa e do senador Jaques Wagner.
A Bahia, ademais, vai mal de senadores. De adesista de primeira hora do carlismo, homem de confiança de Antonio Carlos Magalhães, Otto Alencar (PSD) passou a ser espalhafatoso lulista desde criancinha.
Ângelo Coronel (PSD) não vem demonstrando sabedoria política à altura do cargo, a julgar pelo noticiário.
Sobra Jaques Wagner que, bem ou mal, tem cara de senador, pinta de senador e é senador. Mais do que isto: é atuante.
Entretanto, o que vale é a soberania popular e, neste sentido, a voz das urnas escolheu esses senhores para representarem o estado da Bahia, nos termos da Constituição da República.
Vamos aturá-los.
araujo-costa@uol.com.br