“Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem.” (Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, 1898-1956).
De quando em vez sou questionado por leitores deste blog – poucos, felizmente – em razão de minhas críticas a ações de governos de esquerda o que, segundo esses leitores, significa viés político.
Não é. Confesso. Não há viés político.
Entendo que para apontar erros na gestão pública, qualquer que seja ela e fazer críticas a ações governamentais, o cidadão não precisa escudar-se num ou noutro lado político, de esquerda, direita, de centro ou qualquer outro.
Fazer oposição é uma coisa, criticar erros é outra, completamente diferente.
O crítico não precisa ter neutralidade, necessariamente, mas deve amparar-se no dever de dizer a verdade e penitenciar-se diante das incompreensões.
Neste particular, esclareço. Não sou filiado a nenhum partido político e tenho votado de acordo com os ditames de minha consciência, de modo que faço comentários tão-somente sobre aquilo que os governantes, que têm o dever de fazer as coisas certas, geralmente não as fazem, consoante meu ponto de vista.
Convenhamos, gestões públicas capengas e titubeantes não são problemas deste escrevinhador, tampouco dos leitores.
Contudo, tenho dificuldade de entender pessoas que apóiam este ou aquele líder político municipal, estadual ou federal e descambam para o fanatismo, abandonam o bom senso e desprezam a sensatez.
A cegueira ideológica que impede a argumentação sadia diminui o crítico, lhe tolhe a razão, apequena-o diante da sociedade.
O fato é que, na condição de cidadão – e considerando o plano federal – não consigo me calar diante de um Executivo negligente, um Legislativo inoperante e um Judiciário opressor.
O pensamento de Bertolt Brecht por si só é explicativo. Reclamar das críticas pressupõe entender a razão delas.
Neste sentido, não se afigura estranha a conhecida e lapidar frase do crítico Léo Gilson Ribeiro: “Quem luta para não ser oprimido pode se tornar opressor”.
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