“O artista é criador de coisas belas. Revelar a arte e encobrir o artista é a razão de ser da arte.” (Oscar Wilde, dramaturgo e escritor irlandês, 1854-1900)

Devo pedir vênia ao artista Kekê de Bela para reproduzir – e reproduzo aqui, vistosamente belo – o quadro de Domingos Rodrigues dos Santos.
Retirei-o da página do insigne pedagogo e poeta Demis Santana no facebook, a quem também peço escusas pela bisbilhotice.
Conheci Domingos em meu tempo de Curaçá, bela cidade baiana debruçada à margem do São Francisco. Criatura essencialmente pura, humilde e, sobretudo, desprovida de maldade.
Garimpei sucinto texto deste escrevinhador sobre Domingos. O professor e jornalista Luciano Lugori generosamente o transcreveu no Blog do Luciano Lugori em bonita página de 13/07/2013 e, anos mais tarde, o fez, igualmente, no livro de sua autoria Enquanto Enlouqueço.
Ei-lo:
Domingos fez parte daquelas criaturas que nos permite refletir, circunstância tão incomum no mundo de hoje. Impossível esquecer seu jeito sorrateiro, seu sorriso-gargalhada, sua mão estendida. Todavia, o que traz a reflexão era seu olhar humilde, quase uma súplica. E sua condição de indefeso diante de nossas arrogâncias. Em qualquer ambiente chegava acanhado, tímido, como se pedindo permissão para entrar. Se, como dizem, os olhos são a janela da alma, vi isto muito nítido na humildade do olhar de Domingos.
Aliás, Luciano Lugori escolheu Domingos como um dos perfis que enriqueceram o monumental Enquanto Enlouqueço. Lá, o autor diz que Domingos “foi um dos doidos mais estimados pelo povo de Curaçá”, o que parece ser o entendimento de muitos de nós curaçaenses.
O mistério fica por conta do desaparecimento de Domingos em 20/11/2002, num contexto dificil de explicar, mas nem tudo é explicável diante de nossa diminuta capacidade de entender as coisas.
A primorosa e admirável arte de Kekê de Bela revela sua grandeza de artista que embeleza e enriquece a vida e a História de Curaçá e da região sanfranciscana.
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