
“Dizem que o baiano é tão ágil, tão ágil, que quando joga basquete, ele arremessa a bola na sexta e ela só cai no sábado.” (ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça, G1 Bahia, 20/03/2025).
A imprensa publicou, exaustivamente, este disparate do magistrado, desnecessário, nonsense, inoportuno.
O ministro do STJ, em sessão no Tribunal, fez chacota dos baianos, chamando-nos indiretamente de indolentes.
Sua Excelência deveria se dedicar ao seu mister de magistrado e não, em vez de trabalhar, ficar fazendo piada sem graça.
O governador petista Jerônimo Rodrigues, acertadamente, saiu em defesa dos baianos e pediu respeito.
“Sempre defenderei meu estado e não aceitarei que tentem reduzir a Bahia a uma visão superficial e distorcida. Nosso povo é inteligente, trabalhador, competente e dedicado. Não vamos normalizar esse tipo de discurso. Respeite a Bahia.”, disse o governador dos baianos (G1 Bahia, 20/03/2025).
O governador está certo. Certíssimo.
A Bahia deveria declarar o ministro persona non grata. Sua opinião sobre os baianos é dispensável.
Como se não bastasse nossos problemas internos na Bahia – que são muitos – ainda esta inoportuna piada sem graça.
Os baianos não são preguiçosos e nem acomodados.
Ao contrário, temos tradição de luta e trabalhamos muito para sustentar os privilégios e as mordomias, inclusive do ministro piadista.
Palavreado inadequado, mormente vindo de ministro do STJ, ex-presidente do Tribunal e ex-Corregedor Geral do Conselho Nacional de Justiça.
A nobreza das dependências do Tribunal não pode ser transformada em bate papo de botequim.
Entrementes, até nos botequins, as conversas devem ser respeitosas, para não ofuscar a urbanidade que todos devemos cultivar relativamente aos demais.
O poder, qualquer que seja a esfera, não pode estar acima do respeito, da boa educação e, sobretudo, da razoabilidade.
O presidente Jânio Quadros, estadista inquestionavelmente ético, no dia da renúncia, em 25/08/1961, escreveu:
“Há muitas maneiras de servir à Pátria”.
E certamente – acrescento eu – não é fazendo piada sem graça de baiano. É trabalhando, sobretudo.
Vá trabalhar, ministro.
Vossa Excelência é pago pelos brasileiros, inclusive pelos baianos, para trabalhar e não para fazer humor sem graça.
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