Costumo manter em meus alfarrábios – e isto vem de longe – as cartas que recebi ao longo do tempo, quando ainda se escreviam cartas e quando as amizades significavam muito na vida de todos.
Não somente cartas. Escreviam-se bilhetes, cartões, anotações, recados e uma série de demonstrações de afeto aos amigos.
Há correspondências divertidas de amigos e parentes retratando saudade e outras tantas confidenciais que, por serem confidenciais, obviamente dispensam referências.
Osvaldo Peralva (1918-1992), ícone do bom jornalismo (hoje a seriedade jornalística está escassa), disse em 1989, que “as cartas não mentem”. Guardei a observação.
Já se vão, por aí, trinta e seis anos. Nunca esqueci esse detalhe verdadeiro.
Quando a curiosidade me cutuca, remexo arquivos – aliás desorganizados, que é um dos meus muitos defeitos – e chamo à memória lembranças e saudade de tempos idos e vividos.
Registro, hoje, uma saudosa correspondência sem data (não guardei o envelope com o carimbo dos Correios) recebida de Chorrochó.
A signatária era D. Regina Luíza de Menezes, à época Oficial do Registro Civil da comarca de Chorrochó, constando a lista dos nomes e respectivas funções dos serventuários da Justiça daquela comarca.
Na ocasião, o Juiz de Direito da comarca era Dr. Antonio Oliveira Martins e a promotora de Justiça a chorrochoense Drª Maria Joselita de Menezes.
A serventia era a mesma e pioneira da instalação da comarca em outubro de 1967, feito do prefeito Dorotheu Pacheco de Menezes e do governador Luís Regis Pacheco Pereira.
Já escrevi, alhures, não faz muito tempo, sobre D. Regina Luíza de Menezes e sua brilhante família.
Aliás, conheci todos aqueles serventuários, à exceção do Juiz de Direito titular, à época da carta a que me refiro.
Ei-los:
Registro Civil: Regina Luíza de Menezes;
Tabelionato: João Pacheco de Menezes;
Feitos criminais: José Eudes de Menezes;
Feitos cíveis: José Jazon de Menezes;
Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Protesto de Títulos: Virgílio Ribeiro de Andrade;
Avaliadores: José Claudionor de Menezes, José Claudio de Menezes e Osvaldo Alves de Carvalho;
Oficiais de Justiça: Carlos Bispo Damasceno, Manoel Dias dos Santos e Fabrício Félix dos Santos.
Como se trata de documento histórico, mantenho, isoladamente, a bonita assinatura de D. Regina que, aliás, consta em inúmeros documentos públicos expedidos pela comarca de Chorrochó no tempo em que ela foi titular do Cartório de Registro Civil.

araujo-costa@uol.com.br