Odorico Paraguaçu, caricato prefeito da agitada Sucupira, se vivo fosse, certamente seria aliado a Lula da Silva e aos seus súditos mais próximos.
Assim como em Sucupira, adeptos, fanáticos e ingênuos, acreditam piamente nalguma coisa, mesmo que seja em político corrupto e suas lorotas.
Vão aqui alguns exemplos da confusão instalada no gangrenado governo petista.
Relativamente ao furto dos aposentados e pensionista do INSS, o governo se apressou em dizer que a estrutura dos descontos ilegais deu-se em 2019 no governo Bolsonaro.
Não está-se dizendo o contrário, tampouco duvidando disto.
Contudo, ocorre que a maracutaia se avantajou neste terceiro governo Lula da Silva, quando o ministro da Previdência Social (Carlos Lupi-PDT), o ministro do Trabalho (Luiz Marinho-PT), amigo pessoal de Lula e a direção do INSS, antros do esquema corrupto, foram indicados e nomeados no governo de Lula, dentre pessoas de sua confiança ou de confiança dos ministros das respectivas pastas.
Há até uma instituição envolvida no escândalo em que dela é dirigente Frei Chico, irmão de Lula, o que não significa, por enquanto, que ele seja culpado.
Se a instituição de Frei Chico participou do assalto aos aposentados, pouco importa se a estrutura vem ou não do governo Bolsonaro.
Se houver provas, a instituição tem de ser punida, independentemente de o assalto aos aposentados ter sido estruturado no governo de Bolsonaro ou de Lula.
O enviesado dessa história do caos lulopetista vai além.
O governo petista diz que o problema começou no governo Bolsonaro. Então, por que o governo Lula é contrário à formação e instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional, para investigar o caso?
A espevitada ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais e o deputado Lindberg Farias, líder do PT na Câmara, dentre outras lideranças arraigadamente lulistas, estão em franca campanha para impedir a CPMI.
Dentre essas outras lideranças contrárias à CPMI, inclui-se o senador sem noção Randolfe Rodrigues (PT), do Amapá, líder do governo no Congresso Nacional, aquele senador que fala muito e nada diz.
Por outro lado, o governo lulopetista está sinalizando o reembolso dos descontos em favor dos aposentados e pensionistas, mas com dinheiro público.
Acho que minha inteligência não alcança a honesta intenção de Lula da Silva. Como se sabe, Lula é honesto, honestíssimo.
Senão, vejamos:
Sindicatos e associações pilantras credenciadas pelo Ministério do Trabalho, em conluio com dirigentes do INSS, usurparam o bolso dos pobres e Lula pretende devolver tal dinheiro surrupiado com recursos públicos, por óbvio, provenientes de impostos que esses mesmos pobres pagaram e/ou ainda pagam.
Pergunta-se, então: qual o destino do dinheiro que as associações e sindicatos afanaram dos aposentados e pensionistas?
Então, o governo não está devolvendo o dinheiro furtado, mas simplesmente penalizando ainda mais o bolso dos pobres surrupiados, ou seja, devolvendo com o próprio dinheiro dos brasileiros.
A ministra Simone Tebet – a mesma que dizia que o maior escândalo de corrupção da história deu-se no governo Lula e hoje pede a bênção ao mesmo Lula – assegurou que o dinheiro público é uma saída para cobrir o rombo do assalto aos aposentados e pensionistas.
De outro turno, Rui Costa (PT), ministro-chefe da Casa Civil, entrou em rota de colisão com o ministro da Controladoria Geral da União (CGU) e sinalizou que investigar o assalto aos aposentados não é tão importante assim.
Rui Costa disse que o papel da Controladoria Geral da União “é impedir o crime” e não “apurar o crime” (O Globo, 08/05/2025).
Então, que se dê à CGU atribuições legais para investigar. O que não pode é criticá-la porque se dispõe a investigar.
Como se vê, o governo Lula é “bastantemente avacalhante”.
araujo-costa@uol.com.br