Cheiro de Nordeste, coisas e saudade de nordestino

Mandacaru florido, um dos símbolos do Nordeste/Casa e Jardim/Globo

Sábado à noite, 11 de agosto de 1990. O advogado e bibliófilo Plínio Doyle reuniu alguns amigos em sua casa, no Rio de Janeiro, para homenagear a escritora cearense Rachel de Queiroz pelos 60 anos do romance O Quinze.

Ivan Bichara, escritor paraibano de Cajazeiras, leu um texto enaltecendo as coisas do Nordeste, berço da romancista.

Lá para as tantas ele disse:

“O sertão não é só da terra seca, do sol totalitário, das retiradas, da fome, do cangaço, do fanatismo.

O interior do Nordeste é, também, nos anos bons, nos anos de inverno, a terra mais bonita e mais amável do mundo; é a terra da colheita, de certa fartura, do milho verde e da batata doce assados nas fogueiras de São João e de São Pedro; do leite tomado, ainda morno, do peito da vaca, das noites aconchegantes e macias, o céu bordado de estrelas, e a voz dos cantadores, de viola ou sanfona na mão…”.     

Neste mês de maio – mês de Maria, de alegria e de flores – me dá uma saudade danada do sertão, a proximidade das festas juninas, embora não mais aconteçam como antigamente, as festas de Santo Antonio, padroeiro de muitos lugares do Nordeste e, sobretudo, bate saudade da simplicidade de nossa gente nordestina.  

Em Curaçá, sertão da garbosa e sempre querida Bahia, nesse mês de junho, o município se alegra, se engalana e se enfeita com muitas festas, dentre elas a do padroeiro Santo Antonio de Patamuté e a de São João, em Barro Vermelho.

O distrito de Barro Vermelho guarda nomes que enriqueceram sua história, a exemplo do maestro Filemon Martins, honra e glória do lugar, fundamental para a continuidade da centenária Filarmônica 15 de Março que, salvo engano, foi fundada em 1917.

A Filarmônica ainda está lá, elegantemente admirável, somando valores e robustecendo a cultura de Barro Vermelho e de seu povo.

Minha esburacada memória vai buscar, longe no tempo, nas festas de Santo Antonio de Patamuté, o maestro Filemon acompanhando casamentos no dia 13 de junho.  

Essas festas – Patamuté e Barro Vermelho – são referências e tradições do município de Curaçá.

Confesso que sou fascinado pelo cheiro do Nordeste. Isto aguça minha saudade.

araujo-costa@uol.com.br

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