Espiar o cotidiano com lucidez talvez seja uma das razões de ser do cronista.
Mas nem sempre o cronista é tão lúcido que não venha cair no despenhadeiro do esquecimento. Ou “misturando maluquez com lucidez”, como dizia Raul Seixas.
Às vezes, para não esquecer, o cronista rememora fatos, datas, ocasiões, frustrações, alegrias, saudade, tropeços.
Vai, por aí, mais de uma década. Em 13/07/2014 escrevi uma crônica – que perdi em meus alfarrábios e não sei por onde anda – e nela me referi a Iago Lívio Soares Menezes, filho de Socorro Soares, de tradicional família de Abaré e de José Claudionor Menezes (Nonô), de Chorrochó.

Na época da crônica a que me refiro, Iago morava em Camamu, lá para os lados de Itabuna, trabalhava na Caixa Econômica Federal e, salvo engano, estava recém-casado e esperando um filho.
Nonô faleceu a 13/12/1989, quando Iago tinha pouco mais de 5 anos.
José Claudionor Menezes (Nonô) foi serventuário da Justiça de Chorrochó e, nesta condição, um dos pioneiros na história da então engatinhante comarca que hoje se faz robusta e enriquece a história e a vida de Chorrochó.
Precioso amigo naquela quadra do tempo. Sou grato a Nonô, in memoriam, por sua convivência e amizade.
Político prestativo e atencioso, Nonô também foi vereador atuante em Chorrochó por alguns mandatos.
Há algum tempo fui surpreendido com um telefonema de Socorro Soares, mãe de Iago. Deu boas notícias dela e da família, falou de seu caminhar, à época, entre Itabuna, Aracaju e Abaré e me deixou lisonjeado pela lembrança, que nunca esqueci.
Agora, encontro casualmente uma foto de Iago Lívio em seu perfil e reproduzo-a para coadunar com as lembranças de sua ascendência, honrada ascendência e, sobretudo, para dizer que o naufrágio da velhice não me ofuscou a recordação das boas pessoas que me foram importantes nesta conturbada ciência do viver.
Post scriptum:
Convivi, em São Paulo, com dois filhos do poeta e músico José Amâncio Filho (Meu Mano do Abaré): Hélio Soares Passos e Domildo Soares Passos. Ficamos amigos. Hélio e eu fizemos muitas farras, quando ele e eu ainda podíamos nos deleitar com as alegrias etílicas da vida e a idade nos sorria a cada dia.
Hoje, não mais. Os escombros do tempo ocuparam o lugar da efervescência da juventude.
Por desleixo meu, nunca perguntei se eles faziam – ou fazem – parte da mesma família Soares a que pertence Iago.
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