
“A política é como a imaginação, nem sempre dá o que promete.” (José Cavalcanti, 1918-1994, São José de Piranhas-PB)
A caminho dos 68 anos, Carlos Luiz Brandão Leite parece um tanto desencantado com a impossibilidade de reversão do tempo político.
Eleito prefeito de Curaçá em 2012 com 42,37% dos votos válidos, Carlinhos Brandão parece ter deixado inequívoco que seu pendor não se sustenta na atividade política, mas no mister de agricultor eficiente e bem sucedido.
Entretanto, sua administração à frente da Prefeitura de Curaçá não esqueceu o homem do campo, conhecida promessa de campanha, de modo que se destacou na limpeza de barreiros e barragens comunitárias, instalação de poços tubulares e, por vezes, na recuperação de estradas.
Como “santo de casa não faz milagre”, o filho de Patamuté, Carlinhos Brandão, descuidou-se de lançar um olhar mais atento sobre o lugar de suas raízes, de modo que o distrito vem experimentando – e não somente na gestão de Carlinhos – constantes e subsequentes descasos que beiram o desrespeito à população.
Carlos Luiz Brandão Leite vem de ascendência respeitável: a mãe e professora Maria Vilani Brandão Leite e o pai e fazendeiro Manuel Brandão Leite, de tradicional família de Patamuté, esteio que lhe deu estrutura de vida, caráter irrepreensível e conduta admirável.
Ex-aluno do tradicional Colégio Dom Bosco, de Petrolina, Carlinhos Brandão constituiu família decente e exemplar que lhe atesta ser portador de princípios morais inatacáveis.
Contudo, a política não depende das qualidades pessoais de seus líderes, mas assenta-se, sobretudo, na forma como os homens públicos veem e administram as demandas e premências postas pela sociedade.
Por aí se vê, que as urdiduras políticas às vezes tropeçam em interesses conflitantes, até e, principalmente, entre aliados, que dificultam o caminhar de qualquer gestão e isto é inerente à vida pública, cheia de tropeços, por natureza.
Todavia, Carlinhos Brandão não abandonou a seara política, mas tendo em vista seu desempenho sofrível à frente do município de Curaçá é razoável entender que houve uma distância entre a expectativa das urnas de 2012 (8.150 votos, salvo engano) e sua atuação como gestor público que pode, aos poucos, empurrá-lo para o ostracismo político.
Política não admite cochilos, não acolhe distraídos. Em consequência – e bem por isto – o resgate do tempo político perdido afigura-se inalcançável, uma espécie de punição em razão dos descuidos no que tange às exigências da população.
Mas independentemente de sua atuação na condição de gestor público, é seguramente certo que Carlinhos Brandão ainda mantém liderança e lastro político suficientes que o habilitam a ser ouvido em toda e qualquer composição política do município de Curaçá.
Quanto a Patamuté, tudo continua como antes. Não há perspectivas de melhora.
Sucedem-se prefeitos apáticos, míopes diante da realidade do lugar e Patamuté continua ofuscado pela falta de visão e vontade política dos homens públicos.
Minha geração fracassou relativamente aos sonhos de Patamuté.
Contudo, a esperança está nos jovens de hoje e sobretudo na educação. É animador que tenham surgido no horizonte razoáveis perspectivas a partir da Câmara Municipal.
O vereador Anselmo Filho, que tem robustas raízes fincadas em Patamuté, pode contribuir para afastar esse marasmo que se abate sobre o distrito.
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