Chorrochó: Casarões, história, fragmentos do tempo  

“O futuro era melhor antigamente.” (Luís Fernando Veríssimo, jornalista e escritor, 1936-2025)

Na construção dos meandros da escrita às vezes é preciso um desvio estratégico do caminho para se chegar ao tempo do agora.

Imóvel da família Pacheco de Menezes, de Chorrochó/Crédito: Arquivo Edilson Oliveira

Esse desvio leva ao que se pretende dizer. E o dizer nem sempre é fácil dizer. É um ancoradouro difícil, obstaculoso, espinhoso, obscuro.

Assim, a saudade. Difícil dizê-la. Mais ainda difícil é trazer o enfrentar das lembranças para confrontar os tempos idos com os dias de hoje, pulverizados de desinteresses, incompreensões e descasos com a História.

Por conseguinte, o cronista acaba se transformando em memorialista, outras vezes em historiador arrevesado, noutras tantas em narrador ocasional e, por isto, incompleto.

Imóvel da família Pacheco de Menezes, em Chorrochó/Crédito: Arquivo Edilson Oliveira

É o caso deste escrevinhador, incapaz e titubeante, mas persistente e até, em certos casos, petulante com as coisas da escrita e com o querer de sedimentar recordações.

Antigamente, embora não muito antigamente, convivi com alguns dos viventes desses dois casarões de Chorrochó que resistem à passagem do tempo: residências de Antonio Pacheco de Menezes e do irmão e vizinho Dorotheu Pacheco de Menezes.

As fotos são da lavra e presteza do respeitável profissional Edilson Oliveira, pioneiro na área de comunicação em Chorrochó. Vali-me de seus préstimos para me ajudar, através das imagens, a compor este pobre texto retratando o passado, com o intuito de reviver um pouco a história do lugar.

Quando Chorrochó lutava com a insipiência e precariedade dos meios de comunicação, Edilson Oliveira estava lá, atento e sonhador, empurrando a janela do desconhecido e tentando levar a informação limpa e sadia à sociedade, o que fez com êxito e dedicação.

Não me atrevo a retratar o jornalismo, tampouco a História de Chorrochó. Embora apoucado, limito-me a reviver algum tempo e lembrar pessoas e fatos. Se não olharmos no retrovisor do passado corremos o risco de perder o futuro.

E nesse diapasão, já que falo de casarões, cito alguns de seus ocupantes de antanho.

Antonio Pacheco de Menezes e sua mulher Maria Argentina de Menezes constituíram família numerosa e viveram nessa casa com os filhos Maria de Lourdes Menezes Araújo, Maria Nicanor de Menezes Veras, Maria Joselita de Menezes, Francisco Lamartine de Menezes, Walmir Prudente de Menezes, Antonio Pacheco de Menezes Filho, Maria Ita de Menezes, Maria Agripina de Menezes, José Osório de Menezes e Maria Eugênia de Menezes.

Dorotheu Pacheco de Menezes e sua mulher Izabel Argentina de Menezes (Biluca) constituíram família e viveram no imóvel contíguo, com os  filhos Maria do Socorro Menezes Ribeiro, José Evaldo de Menezes e João Bosco de Menezes. 

Genros, noras e netos também formavam o turbilhonar do viver de todos eles nesse Chorrochó que engatinhava em busca de seu destino.

Ambos – Antonio Pacheco e Dorotheu – deixaram a descendência admirável, as raízes que ainda seguram as lembranças e, por conseguinte, enfeitam e amparam às tradições da família um tanto fragilizadas pelo correr dos anos e adstritas à maneira com que as gerações de hoje veem, entendem e absorvem o caminhar dos antepassados.     

As exigências do tempo mudaram o traçado original desses casarões de Chorrochó. Mas a história continua intacta, assim como o reviver da época e da saudade.

araujo-costa@uol.com.br     

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