Curaçá, 1987: Uma carta e uma saudade.

Guardo a carta e o envelope, ambos amarelados pelo tempo. Remetente: Maria de Almeida Araújo.

Já se vão, por aí, 38 anos.

Naquele tempo ainda se escreviam cartas.

Quando, em 1987, lancei em São Paulo, Fragmentos do Cotidiano, mandei um exemplar do livro para Maria de Almeida Araújo e Edvaldo Araújo, amigos curaçaenses de louvável sabedoria, caráter irrepreensível e vasta cultura.

Quanto a Vavá – já escrevi alhures algumas crônicas sobre ele – era meu colega de trabalho na Prefeitura de Curaçá, primeira administração de Theodomiro Mendes da Silva. Sua esposa, D. Nenzinha, dividia comigo, quase que diuturnamente, agradáveis momentos de conversas porque, modéstia à parte, frequentava sua casa, arrastado por Vavá e, por óbvio, sempre fui muito bem recibo por ambos.  

As conversas se estendiam sem tempo para terminar. Falávamos de amenidades e de tudo, mormente de educação e cultura.

Sábia e experiente, D. Nenzinha era exemplo de humildade, polidez, honradez e generosidade.

Guardo, com carinho e gratidão, a carta de 19/02/1987. D. Nenzinha e Vavá diziam, quase que em estímulo à caminhada deste modesto peregrino das letras e dos sonhos: “Continue. Siga em frente, caminhando na fé, iluminado pela estrela da esperança”.

Confesso ainda hoje – e nesta altura de minha idade septuagenária – honrado e lisonjeado.

A passagem dos anos trouxe D. Nenzinha para o tempo presente e evidenciou o reconhecimento de sua memória às novas gerações e, sobretudo, demonstrando-a como símbolo de esteio cultural de Curaçá.

Hoje Maria de Almeida Araújo é nome de equipamento público de significativa importância para Curaçá e os curaçaenses, merecido reconhecimento:  Centro Territorial de Educação Profissional Maria de Almeida Araújo.

Bateu-me uma doida e doída saudade de D. Nenzinha e de Vavá. Vavá foi um amigo de agradáveis tertúlias em dias curaçaenses.

Difícil esquecer nossas conversas diárias no bar de Adelson Xavier, ao lado do Teatro Raul Coelho.

Saudade também é o clarear do caminho de boas recordações.

araujo-costa@uol.com.br

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