Violência policial entristece Curaçá

Assassinato de estudante de Curaçá exige resposta imediata do Governo do Estado e consequente punição exemplar dos autores do crime.

Em 05/09/2025, durante abordagem policial na sede do município, Caíque dos Santos Ferreira, estudante do ensino médio, foi barbaramente atingido por disparos de arma de fogo acionados por policiais militares. O rapaz faleceu.

Consta que o estudante voltava do trabalho e, no momento da abordagem policial, empurrava uma motocicleta, em razão de falta de gasolina. Não portava arma e, em ação desproporcional à situação, os militares o atingiram mortalmente.

Em quadro assim, razoável presumir que os agentes da Polícia Militar agiram com truculência e demonstraram falta de preparo para defender a sociedade.

Tudo leva a crer que os agentes policiais foram imprudentes. A situação agasalha este tipo de conclusão, de maneira que a ação policial beira à negligência no exercício da função.

Consta, ainda, que o estudante ostentava bons antecedentes e não tinha passagem pela polícia, o que reforça a presunção de que os policiais se portaram com absoluto despreparo.   

São crescentes os casos de vítimas de violência policial em todo o País e a Bahia lidera um rankink sombrio neste particular.

“A cada dia a Polícia Militar da Bahia mata, em média, cinco pessoas. Hoje, o estado tem a maior taxa de letalidade policial do Brasil em números absolutos. Só em 2024, foram 1.557 pessoas assassinadas pela polícia baiana” (Intercept Brasil, 01/07/2025).

A sociedade curaçaense reagiu e protestou, com razão, de modo que a cobrança às autoridades deve continuar, diuturnamente, através dos meios ainda possíveis, hoje, por enquanto: a voz e a indignação.

Em 08/09/2025, a Câmara de Vereadores endereçou ofício ao Secretário de Segurança Pública do Estado exigindo apuração do caso e, parece, quer acompanhar o desfecho das apurações, o que é salutar.

Em 20/08/2009, outra estudante de Curaçá – Adinair Oliveira da Silva – foi atingida por tiro disparado por um policial militar durante abordagem desastrada ao veículo em que a estudante estava, uma van escolar, na estrada que liga Curaçá a Juazeiro.

Difícil entender como um policial militar, presumivelmente treinado,  consegue explicar ter disparado arma de fogo contra um veículo que transportava estudantes.

Salvo engano, o policial alegou “tiro acidental”, o que demonstra total imperícia e ausência de preparo para lidar em defesa da sociedade.

Os dois episódios de Curaçá sinalizam que a Polícia Militar da Bahia precisa treinar melhor seus agentes.

A sociedade não pode servir de anteparo para ações desastrosas de agentes públicos despreparados.

araujo-costa@uol.com.br  

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