
Quando a memória cutuca os recônditos e revira o passado, costumo lembrar amigos, tempo, saudade, circunstâncias.
São pedaços adormecidos do caminhar que provocam às vezes risadas e, outras vezes, angústia, ao constatar o correr apressado do tempo. É um olhar no retrovisor e o alcançar da distância.
Nomes surgem e desponta o balançar inevitável da saudade. Assim, me veem as lembranças do curso ginasial em Curaçá e com elas se somam nomes de colegas, alguns dos quais se transformaram em amigos, em razão da convivência diuturna no Colégio Municipal Professor Ivo Braga.
Ei-los, dentre outros igualmente inesquecíveis: Arivan Evangelista Alves, Elias Pereira Jordão, Eliene Monteiro, Elzi Monteiro Barbosa, Elzeneide Monteiro Barbosa, Suely Maciel de Souza, Tereza Cristina Gomes Miranda, Wilson José Soares Ferreira, David José Ferreira Só, Ivonete Alves Costa, Izabel Cristina, Eliomar Monteiro Costa, Maria de Fátima Araújo, Maridalva Nunes Guimarães, Eloísio Gomes de Miranda, João Pereira Rego, Alice Pereira Rego, Adelaide Monteiro e Regina Lúcia Xavier.
Éramos estudantes do Colégio Municipal Professor Ivo Braga e formávamos uma espécie de confraria da amizade.
Houve um tempo em que Curaçá era sinônimo de alegria e constante bem-estar. Hoje mudou um pouco. A violência cruel já chegou por lá e frequenta o noticiário, mas essa é outra história triste que não deve se intrometer nesta crônica já um tanto confusa e pontilhada de recordações.
Dentre os professores do Colégio Municipal Professor Ivo Braga, destacavam-se: Dr. Pompílio Possídio Coelho, Dr. Jaime Alves de Carvalho, Terezinha Conduru de Almeida, Excelda Nascimento Santos, Noêmia de Almeida Lima, Maria Auxiliadora Lima Belfort, Dionária Bim, Lenir da Silva Possídio, Herval Francisco Félix.
Prolegômenos à parte, hoje ocupo-me de dois amigos, sem olvidar os demais, que nessa quadra do tempo, ainda me são muito caros. Quando ainda jovem, fui trabalhar e estudar em Curaçá. Eles me acolheram, deram-me aconchego, amizade, atenção: Elzi Monteiro Barbosa Gomes e Eloísio Gomes de Miranda (Meu Lú).
Esse simpático casal – Elzi e Meu Lú – se esteia nos patriarcas Otoni Barbosa e Abílio Gomes que lhes deram educação, formação de caráter irrepreensível e sabedoria para enfrentar o turbilhonar da vida.
A família Monteiro, de Curaçá, confunde-se com a história do lugar, desde muito tempo. Como se diz, no dia a dia, tudo gente boa, de valor, de consideração.
Em brilhante crônica publicada no portal Curaçá Oficial de 20/12/2022, o ínclito Omar “Babá” Torres escreveu que Abílio Gomes tinha “permanente bom humor, a contagiante serenidade e a interminável paciência e simpatia.”
A casa da família Monteiro, incluídas as irmãs Elita, Edelita, Elzeneide e Elzi era um lugar aconchegante que frequentei em Curaçá. Família decente e espirituosa, nos recebia a todos com muito carinho e generosidade.
Nossa juventude se foi apressadamente, mas a amizade persistiu, ficou, sedimentou. Os trancos e barrancos da distância não abalaram a construção daquela convivência sadia e alegre.
Por falar em alegria, naquela quadra do tempo, estudantes barulhentos, mas comportados, cantávamos Felicidade (Lupicínio Rodrigues), Medo da Chuva (Raul Seixas), Não chore mais (Gilberto Gil), We said Goodbye, (Dave Maclean), She made me cry (Grupo Folhas), Além de tudo (Benito di Paula), Porque brigamos (Diana), Sangue latino (Secos e Molhados) e tantas outras que povoavam o ambiente da juventude da época.
Quanto ao Ivo Braga continua lá, impecável, mais moderno e a cada dia mais brilhante. Já ultrapassou seis décadas – foi fundado em 06/08/1962 – educando gerações e indicando novos caminhos à juventude.
Ex-aluno, carrego a lembrança dos colegas, amigos, professores e, sobretudo, do viver daquele tempo.
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