Só para lembrar:
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Há sempre uma dúvida neste conturbado tempo de inversão de valores, politicagem, insensatez e extremismo político.
O ministro da Justiça disse que Lula da Silva ficou “estarrecido” com a operação contra traficantes no Rio de Janeiro (O Globo, 29/10/2025).
Não ficou claro se Sua Excelência se estarreceu com a operação policial em si ou porque o governo do Rio dizimou algumas dezenas de delinquentes do tráfico que Lula diz “vítimas dos usuários de drogas”.
Se, em razão da operação policial, há inocentes entre os mortos, isto deve ser rigorosamente apurado na forma da lei e punidos os responsáveis por eventuais excessos. Uma obviedade gritante.
Causando estarrecimento ou não ao presidente ou a qualquer pessoa, mortes devem ser evitadas, não podem acontecer, sejam de traficantes ou de inocentes, de ninguém.
O Estado não deve matar, em nenhuma circunstância.
Deve processar, julgar e punir de acordo com as leis penais. E as leis penais do Brasil, por óbvio, não autorizam o extermínio.
Entretanto, minha ingenuidade não me impede de entender que, em certas situações de perigosos confrontos entre delinquentes e forças policiais, mortes são inevitáveis dos dois lados ou, no mínimo, uma possibilidade de acontecer.
Contudo, devemos dar um desconto nas falas de Lula da Silva. Nem sempre – ou quase sempre – Lula deve ser levado a sério.
Lula fala asneiras desde os tempos de sindicalista em cima de caminhões em São Bernardo do Campo.
Ocorre que, hoje, ele é presidente da República. Não pode falar de improviso tudo que lhe vem à cabeça, porque há a liturgia do cargo que é incompatível com disparates.
Com uma agravante: a senilidade já lhe bate à porta, chegou a fragilidade em razão da idade e do cansaço, da agenda cheia, dos compromissos inadiáveis, do peso da responsabilidade em razão do cargo.
A presidência da República precisa de um porta-voz para falar o que o governo entende como necessário, prestar contas à sociedade e poupar o presidente de vexames.
O presidente da República deve falar somente em ocasiões especiais, para evitar ruídos, críticas e interpretações arrevesadas.
Lula precisa descer do palanque e governar. Campanha eleitoral se faz na ocasião própria e não todos os dias.
Animal político, Lula não consegue separar a política partidária, às vezes mesquinha, do nobre exercício da presidência da República.
araujo-costa@uol.com.br