Ferrenho opositor do presidente Getúlio Vargas, grande e inconteste liderança da UDN (União Democrática Nacional), o político, escritor, jornalista e tribuno Carlos Lacerda publicou contundente artigo em seu jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro:
“O senhor Getúlio Vargas não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar. ”
Getúlio Vargas disputou a eleição, foi eleito, tomou posse e governou até suicidar-se em agosto de 1954, por culpa de Carlos Lacerda, segundo historiadores.
Desgraçadamente, a situação se parece com o Brasil atual, que vai desembocar na eleição presidencial de 2026.
Não é difícil conjecturar, embora com razoável antecedência que, se qualquer candidato da direita derrotar Lula da Silva em 2026, alguns ministros do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, que se arvoram donos do Brasil, com ou sem êxito, tudo farão para impedir a ascensão da direita ao poder.
Eles veem deixando isto muito claro, aliás claríssimo, em decisões tomadas somente – e tão somente – desfavoráveis à chamada direita, o que tem sido feito desde 2022.
A esquerda pode tudo, inclusive descumprir a lei. A direita nada pode. Aliás, ninguém pode descumprir a lei, nem a direita e nem a esquerda.
Parte da sociedade está silente – embora perplexa – ou não entende a gravidade do momento político.
O Supremo Tribunal Federal se transformou em comitê político. Lamentável e abominável comitê político.
O ativismo político do Supremo Tribunal Federal envergonha a todos os brasileiros que até aqui ainda acreditam na Justiça. Quem não acredita, nunca acreditou. É outra história.
Eu acredito. Na condição de operador do direito e de cidadão que obedece rigorosamente a Constituição da República, ainda acredito, continuo acreditando.
Esperamos que todos continuem acreditando.
Este estado de coisas esdrúxulas não pode acontecer a favor da esquerda, tampouco a favor da direita.
Vivemos em tempo de caos político-jurídico e de desfaçatez moral.
Vergonha para o Brasil e sua História.
Post scriptum:
Há um processo no Tribunal Superior Eleitoral contra o governador fluminense Cláudio Castro (PL). Estava mofando nas gavetas do Tribunal. Bastou a operação policial contra os traficantes determinada pelo governador do Rio e as pesquisas mostrarem o apoio da população ao governador de direita, para a presidente do TSE desengavetar o processo.
Imediatamente a relatora votou favorável à cassação e inelegibilidade do governador, o procurador concordou e colocaram o julgamento em pauta, embora um ministro sensato tenha pedido vista.
Há mais clareza de perseguição política à direita?
araujo-costa@uol.com.br