Curaçá, o prefeito Salvador Lopes e o bispo D. Rodrigues

A carta data de 24/04/2002 – já se distanciam 23 anos – e vinha da Avenida Adolfo Viana, centro da sanfranciscana Juazeiro da Bahia. 

O remetente era Sua Excelência Reverendíssima D. José Rodrigues de Souza, da Congregação do Santíssimo Redentor, bispo da diocese de Juazeiro. Em documento à parte, a notícia do recebimento da 14ª Medalha Chico Mendes de Resistência que lhe havia sido concedida. 

Naquele tempo ainda se escreviam cartas e amigos completavam nosso existir.

Mas vamos ao contexto.

Este escrevinhador havia lançado em 2000 o livro Dorotheu: caminhos, lutas e esperanças, uma quase biografia – e somente quase – do líder político de Chorrochó. Mandei um exemplar para D. Rodrigues, então presidente da Academia  Juazeirense de Letras. E não só por isto. Mantínhamos frequentes contatos.

Conhecíamo-nos desde meus tempos de Curaçá, de suas primeiras andanças como sucessor de D. Thomás Guilherme Murphy e dos Cursilhos de Cristandade da diocese de Juazeiro.

O redentorista D. Rodrigues, sempre atencioso, acusou o recebimento do livro e, como de costume em nossas conversas, acrescentou uma referência à política de Curaçá.

D.José Rodrigues de Souza/Reprodução Instituto Humanitas Unisinos.

Naquele tempo, não havia o radicalismo político de hoje. Éramos tão-somente situação e oposição e fazíamos política civilizadamente, sem ofensas a quaisquer pessoas. Por óbvio, escolhíamos nossos preferidos nas urnas, como sempre mandaram os princípios democráticos.

Lula da Silva, já messiânico, firmava-se como liderança nacional e arrebanhava eleitores e não fanáticos como nos dias de agora.

D. José Rodrigues dizia na carta sobre o Curaçá da época: “Salvador Lopes está fazendo uma boa administração, embora boicotado pelo PSDB que, na Bahia, é oposição”.

Quanto a Salvador Lopes, o assunto surgiu porque, noutras datas e de forma amiúde, conversávamos sobre o político de Curaçá e a situação do município como um todo.

No mais, a carta por si só se explica.

Como não há, na missiva, nenhum assunto confidencial ou que possa arranhar a memória de D. Rodrigues, publico-a integralmente, como documento histórico.

Talvez interesse à História de Curaçá, mormente como testemunho da visão de D. Rodrigues sobre o período de Salvador Lopes Gonsalves à frente da Prefeitura do município.

araujo-costa@uol.com.br

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