São Paulo, 1984.
Numa ensolarada tarde de 06 de dezembro de 1984, estive na casa do ex-presidente Jânio Quadros, na Rua Estilo Barroco, em Santo Amaro. Já se vão, por aí, 41 anos.

Jânio tinha diversas moradas. De outra feita, ele me mandou um bilhete, que guardo até hoje, de uma de suas residências, na praia do Jardim Acapulco, no Guarujá.
D. Eloá Quadros, esposa de Jânio, me recebeu na porta e, mui gentilmente, passou a servir bala doce durante parte do tempo.
Conversa amena e descontraída. Falamos do movimento militar de 1964, do ocaso do governo do presidente Figueiredo, do fervor da Aliança Democrática que culminaria com a eleição de Tancredo Neves e, sobretudo, sobre pontos da história política que o Brasil viveu.
Jânio alterava o humor de acordo com o assunto.
Lá para as tantas, Jânio contou, irritado, que o presidente João Batista Figueiredo havia marcado uma visita em sua casa. Horas antes, chegaram agentes da segurança presidencial para fazer uma varredura em sua residência.
Jânio não vergou.
“Não permito varredura na casa de um ex-presidente para receber um presidente”. E não permitiu.
O general-presidente Figueiredo chegou, entrou, conversou e saiu. Sem varredura.
Assim, era Jânio Quadros.
Presidente da República, Jânio não falava besteiras, respeitava a liturgia do cargo. Hoje as coisas estão um pouco avacalhadas.
Uma das imagens mais marcantes que guardo foi o enterro de Jânio Quadros no cemitério do Morumbi.
Com ele se foi toda ética, seriedade, respeito ao cargo, parcimônia e decência de um presidente no governo da República.
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