Já morando em São Paulo, em visita a Chorrochó – 07/08/1995 – comadre Socorro Menezes me ofereceu um CD de Agnaldo Timóteo, mineiro de Caratinga.
Dentre as músicas, Último telefonema, lançada em 1966, versão de L’última telefonata, de Pino Donaggio.

Havia um costume, quiçá um código. Não sei se bem um código, mas um estilo, uma circunstância da vida, da amizade, do tempo vivido.
Toda vez que comadre Socorro Menezes telefonava (além de amiga, ela era madrinha de minha primeira filha Thábata Aline), o telefone comumente era passado, em seguida, para meu compadre Virgílio Ribeiro de Andrade, ilustrísismo filho de família tradicional do simpático município de Uauá.
Falávamos de tudo, até dos políticos e da política de Chorrochó.
Discreto, compadre Virgílio sempre ouviu, mais do que falou. Muito experiente, sua opinião sempre se circunscreveu ao básico, às amenidades. Nunca acusou, nunca menosprezou, nunca ofendeu nenhum político de Chorrochó. Educado, contemporizador, essencialmente ético.
Mais do que isto, Virgílio Ribeiro de Andrade é, até hoje, exemplo de servidor público de caráter irrepreensível.
Nascida em lar cheio de amigos e enfeitado com família decente e alegre, Socorro Menezes manteve a tradição acolhedora.
Atenciosa, generosa com todos e, sobretudo, dona de uma humildade impressionante.
Sua árvore mais dileta foi-se desfolhando, mas ela pode contar, até o fim, com a grandeza e dignidade do marido Virgílio Ribeiro de Andrade, que sofreu ao seu lado todas as perdas e a amparou na solidão e nos momentos mais difíceis de dor e sofrimento.
No decorrer do tempo, Socorro perdeu a mãe Izabel Argentina de Menezes (D. Biluca), o pai Dorotheu Pacheco de Menezes, o filho Rogério Luiz e os irmãos José Evaldo de Menezes e João Bosco de Menezes (Joãozito).
Estou falando de saudade, de tempo, de consideração.
Como parte desta crônica de saudade, neste final de 2025, registro momentos e indizível saudade de Maria do Socorro Menezes Ribeiro.
Seu último telefonema deu-se dia 15 de abril, um dia depois de meu aniversário, ano de seu adeus em direção à eternidade.
araujo-costa@uol.com.br