“Ai minha mãe
Minha mãe Menininha
Ai minha mãe
Menininha do Gantois”
(Dorival Caymmi)
Surgiu mais um escândalo protagonizado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o que não chega a ser novidade. Desta vez, na Bahia.
A maracutaia se deu mais ou menos assim: a Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros), espécie de INSS que cuida da previdência complementar dos funcionários da estatal, combinou com a Petrobras a construção de um prédio para abrigar a sede da empresa na Bahia, a chamada Torre Pituba, luxuoso arranha-céu de 22 andares, em Salvador.
A proposta, segundo consta, era a Petros construir o prédio e alugar para a Petrobras por um período de 30 anos, com aluguel mensal da ordem de R$ 5,4 milhões. O enredo começava assim, não se sabe se assim terminou.
O conluio contratou as generosíssimas construtoras baianas Norberto Odebrecht e OAS, para cuidarem do gigantesco empreendimento.
Até aí, tudo bem.
Ocorre que, de início, a obra foi orçada em R$ 320 milhões, passou para R$ 700 milhões, acrescentaram-se mais outras vultosas quantias e, por fim, diz a investigação, a construção acabou totalizando R$ 1,4 bilhão, considerando consectários e outras malandragens mais.
Até aí, quase tudo bem.
Entretanto, o vergonhoso superfaturamento da construção teve uma explicação: o pagamento de propina a agentes públicos, ao presidente da Petros, a empresários e, para variar, ao PT, que tem em seu desfavor, o testemunho de um marqueteiro petista. Ele confessou participação no esquema.
O bem informado Diário do Poder, de 23/11/2018, diz textualmente:
“Segundo o Ministério Público Federal (MPF), foram desviados R$ 68 milhões. Do valor total da propina repassada, 1% era destinado ao PT por meio de um emissário do ex-tesoureiro João Vaccari Neto ou por meio de doações ao Diretório Nacional, financiando então campanhas do partido”.
Mais, segundo a publicação: “Os valores superfaturados eram destinados para o pagamento de propina para agentes públicos da estatal, do PT e dirigente da Petros. Pela OAS, foram acertadas propinas de 7% a 9% do total do contrato. Já a Odebrecht fixou repasses em 7%.”
Essa tabuada do PT na Bahia, que só tem a operação de multiplicar, multiplicou superfaturamento e propinas no período de 2009 a 2016, quando tudo na terra de Mãe Menininha do Gantois estava dominado pelo PT. Ainda hoje está.
A partir do governador de então, passando pelo presidente da Petrobras na época, Sérgio Gabrielli, que é baiano e professor da UFBA e toda a estrutura de poder no estado, os petistas ainda não conseguiram destruir a Bahia. Senhor do Bonfim é mais forte.
Hoje, se qualquer jornalista afoito perguntar à senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, se o partido ou alguns de seus dirigentes receberam propina proveniente da Torre Pituba, ela vai dizer que é perseguição, que no partido só tem freiras contemplativas, todos lá são santos, et cetera e tal.
Mas a tabuada petista é eficientíssima. Multiplica muito bem, sempre a favor do partido.
araujo-costa@uol.com.br
