“Nenhuma soma de experiência pode provar que se tem razão, mas basta uma só experiência para mostrar que se está errado” (Albert Einstein)
Os construtores de Brasília tiveram a ideia de nominar a residência oficial da vice-presidência da República de Palácio do Jaburu, aquela ave de pescoço comprido que vive a espreitar os circunstantes.
Presume-se que, se o presidente Michel Temer, que lá mora, tivesse esticado o pescoço, à semelhança do jaburu, talvez houvesse notado o gravador que Joesley Batista carregava no bolso e gravou as conversas suspeitas entre ambos, tarde da noite, nos porões do palácio.
Michel Temer diz que nada houve de ilegal naquela conversa, que é inocente, coisa e tal. É tão comovente que passa a impressão que naquela noite eles ficaram rezando o terço, lendo versículos da Bíblia e orando pelo bem dos brasileiros.
Até hoje me parece estranhíssimo que o Gabinete de Segurança Institucional e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), o serviço secreto do governo, não tenham detectado a geringonça no bolso do visitante e liberado a entrada em palácio, talvez até com um sorriso generoso dos agentes da segurança presidencial. Ou não quiseram detectar.
Um sistema de segurança pessoal do presidente da República como este não pode ser levado a sério. É falho, é ineficiente, é tosco.
Por outro lado, o senador Aécio Neves, que se diz honesto – e não estou afirmando o contrário – também caiu na arapuca do sofisticado açougueiro dono da JBS e foi flagrado negociando com ele alguns milhões de reais que, segundo as investigações, trata-se de propina.
Aécio diz ser inocente, honesto, correto e que não é homem de pedir propina. Ah bom!
Com aquela cara de relações públicas de boite, Aécio ainda queria ser presidente da República. Caiu na desgraça, decepcionou seus 51 milhões de eleitores e agora disputa uma vaga de deputado federal, para não perder o foro privilegiado.
A presidência da República passou a ser tão banalizada que seus últimos inquilinos – Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer – estão sendo acusados de negociarem propina em suas dependências. Um horror.
É o que dizem Antonio Palocci, amigo e ministro de Lula da Silva, os marqueteiros de dona Dilma e o bilionário Joesley Batista.
Esse pessoal precisa respeitar os símbolos nacionais e aprender, pelo menos, que “a Pátria confia” em todos nós, inclusive em quem se dispõe a ser presidente da República.
Agora, dona Dilma Rousseff disputa, por Minas Gerais, uma vaga no Senado Federal. Está indo bem nas pesquisas, com grandes chances de ser eleita, mas houve impugnação da candidatura, sob a alegação de que, por ocasião do impeachment da madame, o ministro do STF Ricardo Lewandovski e o PT construíram uma maracutaia para que ela não tivesse os direitos políticos suspensos, contrariando a Constituição da República.
Einstein dizia que basta uma só experiência para atestar que estamos errados.
O presidente Temer, Aécio, Lula da Silva e dona Dilma ainda não conseguiram provar que são honestos, corretos e inocentes. As experiências ao contrário são muitas.
Os brasileiros aguardam.
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