Teoria do juiz corrupto

Quando um magistrado é arrogante e grosseiro, comece a desconfiar. Ele é potencialmente corrupto.

O magistrado corrupto usa a arrogância e a tática do distanciamento para tentar desviar-se do foco, qual seja, sua conduta repreensível e criminosa.

Magistrado decente, que se preza e respeita a nobre função de juiz, não menospreza advogados, réus e investigados, tampouco pessoas comuns do povo, por uma razão muito simples: o magistrado é a nobreza em si, a voz e o poder do Estado e, como tal, deve respeitar qualquer um, independentemente de ser ou não acusado.

Aí está a tão exigida imparcialidade do juiz. Aí reside sua humildade.

É a lei que dá o parâmetro, nada mais do que a lei.

Há inúmeros casos de magistrados que saem por aí atropelando a Constituição da República e as leis e decretando prisões atabalhoadamente, como se fosse o supra-sumo da honestidade e o pedestal da intocabilidade.

Conheci um juiz em São Bernardo do Campo, em São Paulo, que certa vez me deixou esperando praticamente uma tarde inteira. Eu precisa colher seu despacho num processo cautelar e, portanto, urgente.

Naquele tempo não havia processo eletrônico. O advogado, em caso de urgência urgentíssima, ia até o juiz apresentar as razões da urgência, o pedido de uma liminar, por exemplo.

O juiz estava em seu gabinete, acompanhado de um auxiliar. Soube depois, que Sua Excelência se ocupava naquela tarde de fazer jogo da loteria esportiva durante o expediente.

Portanto, segundo a acanhada inteligência daquele juiz, o advogado e quem, naquele momento, dependia da Justiça, não tinham a menor importância. O importante era seu ego.

A urgência era apenas um detalhe.

Anos depois, esse juiz foi condenado e preso, por extorsão. Ele extorquiu 177 vezes, no exercício da função de juiz. Cometeu 177 vezes o crime de extorsão. Pedia dinheiro para decidir a favor de quem lhe atulhava os bolsos.

Esse mesmo juiz, depois de preso, por muito tempo, ainda continuou a ganhar R$ 52 mil, a título de aposentadoria, paga pelo contribuinte, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo, diante da aberração e pressão da sociedade, acabou destituindo-o do cargo de juiz.

De outra feita, um juiz de São Caetano do Sul, também em São Paulo, não me atendeu porque, apesar de estar de paletó, eu não usava gravata. O caso era de extrema urgência – uma liminar de sustação de protesto – e não havia tempo de preocupar-me com gravata. Meu escritório ficava noutro município. 

Depois de uma longa espera, sem ser atendido, o juiz me disse:

– “Doutor, procure um colega do senhor e peça a gravata dele emprestada”.

Protestei e disse que o direito do meu cliente não estava na gravata que eu deveria usar, mas na lei que eu estava invocando.

Inútil o argumento. Tive que procurar uma gravata ou não seria atendido.

Não faz muito tempo, no Rio de Janeiro, um juiz que adorava holofotes, foi condenado à prisão, por apropriar-se do Porsche de um empresário famoso.

O juiz havia apreendido o veículo de luxo no bojo do processo que deveria julgar, mas passou a usá-lo como se fosse dele.

Ficaria aqui, horas, citando casos de magistrados arrogantes e corruptos. Daria para compor um triste e constrangedor livro.

Não vou cansar o leitor.

É comum magistrados que estão por aí, diariamente diante dos holofotes, pisando na lei.

A sociedade precisa deixar de se apequenar e passar a vigiar nossas autoridades, inclusive magistrados, que se acham intocáveis.

A lei vale para todos, inclusive para os magistrados.

araujo-costa@uol.com.br

O leitor, o sol e a peneira

Edifícios da Prefeitura e Câmara Municipal de São Bernardo do Campo/Reprodução Google

Leitor de São Bernardo do Campo que se deu ao trabalho de ler um de meus textos, talvez casualmente – graças a Deus – espinafrou-me porque comentei uma notícia verdadeira sobre nossa distinta primeira-dama do Brasil, notícia que a grande imprensa checou e publicou exaustivamente e a própria assessoria da ilustríssima senhora confirmou tratar-se de fato verdadeiro e, portanto, inquestionável.

Não sei o que fiz para merecer tão ilustre e virulenta antipatia daquele senhor, que se jacta de ter assumido, em ocasiões diversas, funções de assessoria de governo no município e, pelo que se vê, certamente arraigado defensor do lulopetismo, o que é seu direito democrático e ninguém tem nada com isto.

O ilustríssimo se dignou a discordar, por tabela, das declarações da própria assessoria da primeira-dama, que confirmou os fatos. Isto é, no mínimo, uma demonstração de incongruência. Acusou-me, equivocadamente, de “ficar compartilhando mensagens tendenciosas que  se aproximam de fake news”, o que não é meu estilo, nem costumo fazer.

E passou a misturar alhos com bugalhos, quiçá para justificar a admiração que nutre pela primeira-dama e seu excelentíssimo esposo, dos quais, aliás, nada tenho contra.

Em quadro assim,  razoável acreditar que se trata de um adepto do “nós contra eles”. Aquele senhor resolveu incluir-me no mesmo e confuso balaio de gatos de que faz parte.

Não faço parte dessa espécie de padrão político. Meu jornalismo não se confunde com ideologia, qualquer que seja ela.

A notícia quando sustentada em fatos responsavelmente checados e confirmada pelas próprias pessoas envolvidas não pode ser equiparada a “mensagens tendenciosas”, como quer aquele zeloso senhor da correção jornalística.

Negar a verdade é querer tapar o sol com a peneira, o que parece ser a vontade do ilustríssimo senhor.

No conturbado Brasil de hoje é preciso ter preparo e condições de discernimento para separar o que é jornalismo sério de notícias tendenciosas.

Neste caso, o leitor parece não ter.  

Cruz-credo. Que Deus se apiede de todos nós e deste Brasil.

araujo-costa@uol.com.br   

Chorrochó, saudade e coincidência

Rogério Luiz de Menezes Ribeiro (1966-2010)

No remoer da saudade, do pensar e do refletir, a lembrança de Rogério.

Rogério Luiz de Menezes Ribeiro nasceu em 24/07/1966 e faleceu em 09/05/2010, dia das mães.

Quando meus contatos eram frequentes com Maria do Socorro Menezes Ribeiro, minha comadre, nunca mais tive coragem de desejar-lhe bom dia das mães. Além de um massacre emocional, seria uma gafe, um senão desnecessário que eu podia evitar e evitei.  

Graduado em Enfermagem pela Universidade Católica da Bahia, Rogério faleceu um tanto jovem, ainda no despontar do caminho em direção aos horizontes da vida. Vão, por aí, mais de 15 anos.

Mas, como só Deus nos dá a vida e somente ele permite a morte, resta-nos entender os seus desígnios.

Quando uma pessoa próxima ou conhecida se vai para a eternidade, quase sempre refletimos sobre a morte: o inesperado dela, sua irreversibilidade, o inalcançável de sua explicação e a dificuldade de entendê-la.

Vivo em meio à selvageria da cidade grande, preocupado com tempo e objetivos, envolto às incertezas de uma metrópole cruel e violenta, cada vez mais necessitada da presença de amizades, que se escasseiam com a morte de alguns amigos e a dificuldade de construir novas.

As frias e agitadas multidões nos envolvem, sufocam, barbarizam a convivência. E nos distanciam de amigos, pessoas caras, mesmo que tenham sido fundamentais em nossa vida.

Essa realidade cruel e inominável me leva sempre a refletir sofre a efemeridade da vida.

Aguça as lembranças de outro tempo, não muito longe e, não obstante, não muito perto.

Permite que me lembre de pessoas com quem convivi em quadras memoráveis do tempo.

São imagens que ficaram, tocam, cutucam a vida, dilaceram em razão da saudade.

Não obstante jovem, Rogério já estava bem encaminhado na vida. Deixou pai, mãe, esposa, filhos e parentes dilacerados pela ausência. Descendente de família limpa, honrada, honesta, tradicional, essencialmente cristã.

Rogério foi-se silenciosamente num mês de Maria, das mães, das flores. Cruel a partida, difícil o momento.  

Contudo, o que me ficou de Rogério, com quem convivi, além da saudade, foi a imagem que guardei de sua época de criança, o andar pelas calçadas de Chorrochó, os olhos claros de sua inocência de garoto bem-comportado.

Essas lembranças ficaram, não se apagaram diante do correr apressado do tempo. Guardo dele esse retrato de menino puro e atencioso.  

Por que, às vezes, o cronista se perde nessas abstrações?

É para tornar mais leve o caminhar, suavizar os tropeços da vida e a incerteza do caminho a ser percorrido, se ainda há caminho a percorrer – e sempre há, para nós, que ainda ficamos por aqui.

Essas boas recordações nos fazem mais humildes, mais conscientes e menos arrogantes diante da passagem da vida em direção à morte inevitável.

É a memória salvando-nos do imponderável.

Nada existe mais seguro diante de nossas fragilidades do que lembrar que no passado, às vezes distante, convivemos com pessoas boas, indiferentes às maldades, que construíram a vida sem escalar o ombro do semelhante para sobressair-se.

Guardo a imagem de Rogério jovem, alegre, encantador. Conheci-o em 1971, ainda não tinha cinco anos de idade.

Rogério deixou a bondade como referência. E a saudade imorredoura, perdurável, presente.

Agora, deparo-me com esta coincidência: em 24 de julho, dia de nascimento de Rogério, realizar-se-á a missa em memória de sua mãe, Maria do Socorro Menezes Ribeiro.  

araujo-costa@uol.com.br

Missa em memória de Socorro Menezes

“A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus, 11-1)

Das mãos da professora Neusa Maria Rios Menezes de Menezes, a quem muito agradeço, chega-me a lembrança da missa em memória de Maria do Socorro Menezes Ribeiro.

A missa acontecerá a 24/07/2025 às 19 h, na Igreja de Senhor do Bonfim de Chorrochó, belo templo que aviva a fé de todos nós.

À resignação somam-se a saudade e a certeza de que ela está bem amparada por Deus.

Que Jesus Cristo, redentor do mundo, dê firme estrutura a todos nós – parentes e amigos – para continuarmos  suportando a saudade de Socorro.

araujo-costa@uol.com.br 

Acreditar nos sonhos e na arte de não apressar o rio

“Não apresse o rio. Ele corre sozinho” (Barry Stevens, terapeuta e escritora americana, 1902-1985)

Em idade septuagenária, não me sobra mais tempo de olhar somente para trás, relembrar os tropeços e ajoelhar-me diante das intempéries que me fragilizaram no decorrer da vida até aqui.

Resta-me, creio, agradecer a vida e o que Deus me deu como acréscimo ao longo de minha caminhada, nem sempre em jardins floridos, porque a existência também nos dá espinhos e nem sempre em tempo de folhas caídas. E também nos traz incompreensões.

Na aurora da vida, a mocidade permite os sonhos, abre o caminho à utopia, dá-nos o preparo para enfrentar o entardecer quando ele chegar e emoldura o caráter para ajustá-lo à convivência quase sempre em contato com a maldade e a incompreensão que a sociedade nos oferece todos os dias.

O segredo talvez seja não apressar o rio, deixá-lo correr no vagar dos dias, sem abdicar dos sonhos e das perspectivas de crescer como pessoa e profissional. Isto pressupõe ser humilde e útil a quem precisa de nós. São tantos e são muitos.

A juventude permite os sonhos, mas também dá a ferramenta para a construção do caráter.

Inverno de 2025, 10 de julho. Desejo felicidade plena a Thássia Anneyse, um dos meus tesouros que Deus me deu. Há outros: Thábata, Thamara, Luísa e Vicente.

Com esses tesouros a vida permite participar de nossas agruras comuns, mas com a certeza de um amanhã mais límpido, com horizontes mais alcançáveis e coragem para enfrentar a escuridão quando ela se faz presente.

Thássia, que Deus lhe sedimente seus sonhos, dê-lhe coragem para enfrentar os tropeços da vida e a compreensão de que nunca devemos apressar o rio.

Luísa veio completar o seu mundo de amor e surpresas. Que vocês se amparem mutuamente.

Parabéns. Feliz aniversário.   

araujo-costa@uol.com.br

Tirem o microfone do Lula e o que mais o atrapalha

Pois é.

Lula da Silva rebateu, com ênfase elogiável, o presidente americano Donald Trump, que se manifestou a favor de Bolsonaro e contra o processo que tramita no Brasil envolvendo o ex-presidente.

Lula disse: “O Brasil é soberano, tem leis e regras”.  

Quanto orgulho de ter Lula da Silva dirigindo e manobrando nossos destinos!

Entretanto, cabe perguntar:

O Brasil não era soberano e não tinha leis e regras, quando Lula estava preso em Curitiba e sua respeitável defesa e petistas procuraram histericamente organismos internacionais, inclusive a ONU,  para denunciar sua prisão decretada pelo nosso Poder Judiciário?

O Brasil não era soberano e não tinha leis e regras, quando Lula foi recentemente à Argentina e empunhou uma placa “Cristina Livre”, a favor da ex-presidente daquele país e sua amiga, presa por corrupção e condenada pelo Poder Judiciário à semelhança de Lula pela Lava Jato?

Isto não significa contestar e interferir na decisão soberana da Argentina? Ou, para Lula, a Argentina não tem leis e regras? Ou não tem soberania?

O Brasil não era soberano e não tinha leis e regras quando o PT alardeava para os quatro cantos do mundo que a prisão de Lula era perseguição política e até instituiu a campanha “Lula Livre”?

O Brasil não era soberano e não tinha leis e regras quando o PT e alguns de seus parlamentares achincalhavam nossas instituições, membros do Judiciário, por exemplo, acusando-os de manterem Lula preso injustamente?

As contradições de Lula e do PT têm outro nome: cara de pau e hipocrisia.

Mais do que isto: O PT e seus seguidores desdenham da inteligência e memória dos brasileiros.

Post scriptum:

Não sou de esquerda, nem de direita, mas ter vergonha não faz mal a ninguém.

araujo-costa@uol.com.br

Jornalistas vendáveis e seriedade da informação

“O sistema de ganhar imprensa pelo facilitário é a compra pura e simples de jornalistas” (Jornalista Carlos Brickmann, 1944-2022).

O jornalista Carlos Brickmann, que entendia tudo de jornalismo e de jornalistas vendáveis e compráveis, atento observador de redações de órgãos de imprensa, escreveu A vida é um palanque (Editora Globo, 1994), que fala de jornalistas de princípios éticos flexíveis, comprados “simultaneamente por um político e por seu adversário”.

Daí, dizia Carlos Brickmann, “os dois pagarão e um será logrado”. É “o compre e não leve”.

Noutras palavras, uma desfaçatez.

Quem é atento ao dia a dia da imprensa descobre facilmente porque jornalistas e comentaristas elogiam determinado político, esteja no governo ou não, e tempos depois, até mesmo dias, passam a espinafrá-lo e elogiar o lado que eles criticavam.

Os casos pululam. Agridem a lógica do jornalismo sério.

Quando apresentadores e comentaristas bajulam muito determinado político, aí tem!  

O pressuposto do bom jornalismo é não ter lado, não misturar a ideologia do profissional com a seriedade da informação.

Quem quebra essa regra, evidente que está submerso nos vícios de seu caráter flexível e abominável.

Mesmo eventualmente contratado para responder pela assessoria de imprensa de qualquer político, o jornalista deve manter a distância entre seu pendor político-partidário e a verdade da informação.

A mistura da ética com dinheiro geralmente descamba para a ruína de caráter.

araujo-costa@uol.com.br

Quando a saudade e o choro sufocam  

José Araújo Costa, 1944-2025

José Araújo Costa faleceu em 02/07/2025 com pouco mais de 81 anos.

O enterro acontece em Curaçá, onde faleceu, na manhã do dia 03/07/2025.

Sua vida chegou ao crepúsculo trazendo-lhe uma doença cruel que ele soube enfrentá-la com resignação e sem esmorecimento. Suas dores foram muitas, insistentemente presentes.

Nos dias finais de seu sofrimento, conversamos algumas vezes e até rimos das consequências que a idade traz. Nunca demonstrou abatimento, embora estivesse ciente de seu estado de saúde irreversível.

Voz firme, sempre disposto a seguir em frente rumo ao desconhecido.  

É difícil esse adeus para sempre.

O momento ofusca as palavras, mas guardo a lembrança de sua generosidade, sempre prestativo, atencioso com todos, sério, essencialmente correto em sua conduta de pobre submerso às dificuldades do dia a dia.

Zé de Sátira, como chamávamos, era meu irmão e sempre foi muito presente em minha vida. Cuidou de mim quando criança, na rústica casa de taipa onde morávamos nos barrancos do Riacho da Várzea, domínios de Patamuté.

Eu já adolescente, ele comprou uma bicicleta – a primeira que tive – e me ensinou a andar nas estradas pedregosas da caatinga como se me entregasse a liberdade para seguir meu caminho.  

Continuou a cuidar de mim em São Paulo. Impossível esquecer.

Vida difícil em Mauá, morávamos em quarto alugado. Ele esperava eu chegar da faculdade, tarde da noite, com a comida pronta que preparava. Depois, em São Bernardo do Campo, acompanhou meu caminhar, já menos difícil, sempre presente em minha vida.

Voltou para seu torrão, a querida caatinga de Patamuté, que tanto gostava. Lá constituiu família, bela família que agora ele deixa aos prantos. Cito os mais próximos: Oneide, os filhos Gilmara e Douglas, os netos e o genro Cordeiro de quem ele tanto gostava. Incluem-se aqui as demais pessoas que fazem parte de seu mundo familiar. Ele sempre falava bem de todos.

Para essas pessoas que se fizeram presentes nos últimos dias do sofrimento de José, a partida é dilacerante, doída, angustiante. A imagem não se apaga, não se dissipa no tempo.

Não esqueço, nunca esquecerei a primeira pergunta que ele me fazia ao telefone:

– “Homem, cadê você”?

Estou aqui. José. Dilacerado, engolindo o sufoco, o choro, a saudade.

Deus lhe ampare na eternidade.

araujo-costa@uol.com.br

O PT e a justiça social

Lula da Silva governou o Brasil de 2003 a 2010 (8 anos) e de 2023 até a presente data (2 anos e 6 meses).

Dilma Rousseff governou de 2011 até agosto de 2016 (5 anos e 8 meses).

Total de mandatos presidenciais do PT: 16 anos e alguns meses.

Agora  o bom moço Fernando Haddad, ministro da Fazenda (gosto muito dele), disse que “podem gritar”, mas o PT fará a justiça social que os brasileiros precisam.

Muito bom. Todos queremos a justiça social, sem dúvida.

Mas, vale perguntar:

Por que o PT não fez a justiça social durante os governos petistas passados?

Por que, só agora, o PT acha que é preciso fazer, nesse clima idiota de quase pre-campanha eleitoral de 2026?

É de todos conhecido que as condições políticas de Lula da Silva no Congresso Nacional sempre lhe foram confortavelmente favoráveis nos governos passados e sua popularidade beirava às nuvens.  

Então, faltou vontade política de fazer justiça social e, agora, em clima de polarização imbecilizada bolsonarismo x lulopetismo ficou mais difícil.

Mas é bom tentar.

Só para lembrar:

Durante a acirrada discussão e crise da votação do IOF no Congresso Nacional, Fernando Haddad saiu de férias.

Um jornalista do sul perguntou: Alguém sentiu falta?

araujo-costa@uol.com.br

Conversa de tempo e saudade

Espiar o cotidiano com lucidez talvez seja uma das razões de ser do cronista.

Mas nem sempre o cronista é tão lúcido que não venha cair no despenhadeiro do esquecimento. Ou “misturando maluquez com lucidez”, como dizia Raul Seixas.

Às vezes, para não esquecer, o cronista rememora fatos, datas, ocasiões, frustrações, alegrias, saudade, tropeços.

Vai, por aí, mais de uma década. Em 13/07/2014 escrevi uma crônica – que perdi em meus alfarrábios e não sei por onde anda – e nela me referi a Iago Lívio Soares Menezes, filho de Socorro Soares, de tradicional família de Abaré e de José Claudionor Menezes (Nonô), de Chorrochó.

Iago Lívio Soares Menezes/Reprodução facebook

Na época da crônica a que me refiro, Iago morava em Camamu, lá para os lados de Itabuna, trabalhava na Caixa Econômica Federal e, salvo engano, estava recém-casado e esperando um filho.  

Nonô faleceu a 13/12/1989, quando Iago tinha pouco mais de 5 anos.

José Claudionor Menezes (Nonô) foi serventuário da Justiça de Chorrochó e, nesta condição, um dos pioneiros na história da então engatinhante comarca que hoje se faz robusta e enriquece a história e a vida de Chorrochó.

Precioso amigo naquela quadra do tempo. Sou grato a Nonô, in memoriam, por sua convivência e amizade.

Político prestativo e atencioso, Nonô também foi vereador atuante em Chorrochó por alguns mandatos.

Há algum tempo fui surpreendido com um telefonema de Socorro Soares, mãe de Iago. Deu boas notícias dela e da família, falou de seu caminhar, à época, entre Itabuna, Aracaju e Abaré e me deixou lisonjeado pela lembrança, que nunca esqueci.

Agora, encontro casualmente uma foto de Iago Lívio em seu perfil e reproduzo-a para coadunar com as lembranças de sua ascendência, honrada ascendência e, sobretudo, para dizer que o naufrágio da velhice não me ofuscou a recordação das boas pessoas que me foram importantes nesta conturbada ciência do viver.

Post scriptum:

Convivi, em São Paulo, com dois filhos do poeta e músico José Amâncio Filho (Meu Mano do Abaré): Hélio Soares Passos e Domildo Soares Passos. Ficamos amigos. Hélio e eu fizemos muitas farras, quando ele e eu ainda podíamos nos deleitar com as alegrias etílicas da vida e a idade nos sorria a cada dia.

Hoje, não mais. Os escombros do tempo ocuparam o lugar da efervescência da juventude.

Por desleixo meu, nunca perguntei se eles faziam – ou fazem – parte da mesma família Soares a que pertence Iago.

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