Igreja Católica: Sínodo e esperança na juventude

“Os corações dissipados não se tornam santos” (Santo Afonso de Ligório, fundador dos redentoristas).

No período de 3 a 28 de outubro próximo realizar-se-á em Roma o Sínodo dos Bispos direcionado aos jovens, com o tema “A fé, os jovens e o discernimento vocacional”.

O relator geral da Assembleia Ordinária do Sínodo será o cardeal brasileiro Sérgio da Rocha, mestre em Teologia Moral, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Brasília.

Sintomática a nomeação de D. Sérgio da Rocha para a relatoria do Sínodo. Ele conviveu com muitos problemas da juventude em duas arquidioceses do Nordeste sabidamente difíceis: Teresina e Fortaleza.

Em 2017, os jovens de todo o mundo tiveram a possibilidade de responder a um questionário disponibilizado pelo Vaticano sobre as impressões da juventude mundial.

A Igreja valeu-se dessa consulta para subsidiar o Sínodo, empiricamente. Uma espécie de preparo para sentir o pensamento da juventude de todo o mundo.

Sabe-se que os jovens reivindicaram uma igreja alegre, mais evangelizadora através dos meios de comunicação e também a necessidade de maior atenção ao ardor da juventude, direcionando-o às coisas da Igreja .

A Igreja Católica Apostólica Romana parece que está voltando a se interessar pelos jovens. Já no Concílio Vaticano II (1962-1965), com a linha de modernização de seu pensamento, a Igreja plantou a semente que resultou no aparecimento de organizações e movimentos, tais como a pastoral da juventude e as comunidades eclesiais. Um avanço.

A preocupação da Igreja hoje é fundamentalmente a indiferença dos jovens, a pouca participação deles nas atividades paroquiais e, sobretudo, a falta de interesse relativamente ao sacerdócio.

É uma preocupação que se funda no presente, mas tem o condão de amparar o futuro. Se a juventude não se interessar hoje pelas vocações, fatalmente teremos uma Igreja carente de sacerdotes, faltarão diáconos, presbíteros, acólitos, et cetera e, por consequência, bispos e cardeais.

Não é nenhuma novidade que a Igreja tem dificuldade de atapetar seu caminho em direção às gerações futuras, resultado de incompreensível negligência relativamente aos jovens ao longo do tempo.

As estruturas dos seminários continuam as mesmas de séculos, quer do ponto de vista da formação dos padres, quer no que tange ao enfrentamento da possível flexibilização de alguns preceitos vistos pela Igreja como imutáveis.

Os jovens se foram escasseando nas atividades religiosas das paróquias, diminuíram a frequência às missas e, sobretudo, voltaram-se para as coisas do mundo da violência. Isto é muito preocupante, de tal forma que o tema “os jovens, a fé e o discernimento vocacional” fez-se necessário no mundo inteiro.

Ao longo dos séculos, a Igreja Católica Apostólica Romana se sustentou em dogmas tais que até hoje dificultam a compreensão de seu papel na formação do caráter religioso, flexibilização das arrogâncias e amparo às fraquezas humanas.

Doravante, a discussão do celibato, por exemplo, certamente tomará lugar em muitas avaliações da Igreja Católica. Quiçá tenha faltado à Igreja a explicação necessária quanto ao âmago das vocações sacerdotais.

Mater et magistra, a mãe e mestra dos católicos não pode conviver com escândalos, como acusações de pedofilia envolvendo seu clero o que, inevitavelmente, atinge os jovens que ela tanto quer evangelizar. Isto contamina sua credibilidade, sem dúvida.

A Igreja ainda não encontrou formas de extirpar situações incômodas, não obstante contar com seus tribunais próprios e instituições aptas para isto.

O papa João Paulo II vislumbrou a necessidade de dar mais atenção aos jovens e incentivou as Jornadas Mundiais da Juventude. Essas jornadas despertaram ânimo nos jovens, ainda que timidamente, mas com êxito.

Agora o Sínodo dos Bispos parece retomar o assunto da fé e da vocação, assunto este necessário para desanuviar o pensamento da juventude tão comprometido com a ruína moral do mundo.

araujo-costa@uol.com.br

 

 

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