“O Curaçá de hoje não chega a ser uma pálida sombra de tudo o que almejam os seus, mas pelo pouco que aqui se faz, muito por certo há de surgir” (Dr. José Carlos da Silva Possídio)
Numa quadra do tempo razoavelmente longa, Antonio Carlos Duarte (KK) liderou um grupo político de Curaçá com desenvoltura considerável, de tal forma que se posicionou no topo desse grupo durante importante período.
Descendente de família tradicional, Hermes Duarte Lima se destacou como um dos construtores da história de Curaçá e deixou a título de exemplo, além de acervo pessoal honrado, a inflexibilidade de caráter e, sobretudo, a inscrição indelével de seu nome na história do município.
Antonio Carlos Duarte (KK) exerceu a vereança em Curaçá com reconhecida bravura e se tornou combatente e irrequieto representante do povo, assim como outro esteio da família, Themístocles Duarte Sobrinho (Mica).
Barulhentos na forma de fazer política, ambos lideraram, com inquietude, um grupo coeso, leal, politicamente forte e essencialmente voltado para as aspirações da população.
Empresário de sucesso, experiente no exercício da atividade política e atraído pelos ventos da redemocratização, em maio de 1980, KK se aliou ao deputado José Lourenço Moraes da Silva com o intuito de formar o Partido Democrático Social (PDS) em Curaçá.
KK tinha experiência, vinha de outras andanças na aridez política.
O grupo de que fazia parte era constituído pelos ínclitos e admiráveis José Ferreira Só (Zé de Roque), Euvaldo Torres de Aquino, João Costa do Nascimento, de Riacho Seco, Agostinho Gonçalves de Souza, de Barro Vermelho, engenheiro agrônomo José Hugo Félix Borges, de Poço de Fora e José Gonçalves de Andrade. Homens sérios, corretos, bem intencionados.
Entretanto, o partido se fragmentaria mais tarde em sublegendas, espécies de geringonças jurídicas permitidas à época pela legislação do regime militar (1964-1985). Todavia, era o caminho possível, a trincheira democrática necessária.
KK acabou enfraquecido, em razão da atuação de outra liderança municipal, Theodomiro Mendes da Silva que, não obstante, sempre o respeitou. KK era um sujeito – digamos assim – que todos o respeitavam.
KK era altivo, combativo, persistente nas ideias, maliciosamente atento, admiravelmente atencioso.
Líder atuante, KK tentou unir os contrários, mas esbarrou noutro obstáculo intransponível, que conhecia muito bem: a política não depende apenas das qualidades de seus líderes, mas sobretudo da forma como os conflitos da vida pública são administrados.
E em Curaçá, por tradição, os conflitos nem sempre foram razoavelmente administrados. KK sabia disto, entendia disto, não se olvidava disto.
KK fazia parte de uma estrutura familiar de respeito, a exemplo de Themístocles Duarte Sobrinho, Maria Helena Duarte Lima, Maria Auxiliadora Lima Belfort, o conspícuo Herminho, que mantinha uma plêiade de amigos e que se destacaram na sociedade curaçaense.
Minha esburacada memória me permite omitir outros nomes de destaque da família de KK, mas penitencio-me pela gafe e monumentais tropeços. Limito-me ao lado paterno.
Quando nos desviamos do caminho é porque, quase sempre, não encontramos a indicação certa. Involuntariamente, quase sempre também.
No meu caso, isto acontece porque não tenho qualificação para atrever-me a falar sobre pessoas monumentais, famílias monumentais, amigos monumentais.
Mas KK merece a lembrança, o dizer da saudade.
araujo-costa@uol.com.br
Belo texto!
Admirável sua capacidade de definir Painho, obrigado!
Me emocionei…
CurtirCurtir