“A gente gasta a juventude na ilusão de transformar o mundo. Quando se dá conta, já não sobra tempo para se adaptar a ele” (Sérgio Granja)
A reforma partidária de 1979 extinguiu o bipartidarismo (ARENA e MDB), que vigorou durante quase todo o regime militar de 1964 e permitiu, em consequência, o surgimento de novos partidos políticos.
A ARENA (Aliança Renovadora Nacional), partido oficial de sustentação do regime e totalmente submisso às ordens dos governos militares era conhecido como partido do “sim, senhor”.
O MDB (Movimento Democrático Brasileiro), autorizado a existir pelos militares, que representava a oposição, era conhecido como partido do “sim”.
A década de 1980 foi efervescente na organização de agremiações partidárias, tendo em vista o cansaço vivido em anos de restrição da liberdade e a expectativa de novos rumos para o Brasil.
Em Curaçá, valem o registro histórico e a lembrança de quantos se empenharam na luta democrática, depois de anos de obscurantismo e incompreensão política. O bipartidarismo vigorou de 1966 a 1979.

O cenário da redemocratização pressupôs a anistia de pelo menos 5 mil brasileiros, dentre exilados e empurrados para a clandestinidade. A redemocratização consolidou-se com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que carregava a estrutura da oposição, se organizou no município de Curaçá com a participação valiosa de abnegados lutadores, todos com o objetivo de mudar, de livrar-se da mesmice, da submissão, do desencorajamento.
Figuras proeminentes que lutaram para adequar a nova realidade curaçaense ao cenário partidário nacional: Salvador Lopes Gonsalves e Omar Dias Torres (Babá), dentre outros, como se vê abaixo.

Os ventos assopravam para o alvorecer de novas ideias, antes sufocadas. Em Curaçá surgiram lideranças políticas e alguns sonhadores que foram ficando pelo caminho.
A mudança deu-se aos poucos. Curaçá ainda não mudou como sonhavam aqueles curaçaenses de então. Alguns morreram sem alcançar a mudança, outros estão aí, certamente esperançosos e com novas perspectivas de mudança, ainda.
Em 1986, a organização do PMDB de Curaçá compunha-se dos seguintes nomes, todos empenhados no alvorecer de novos tempos.
Diretório Municipal:
Omar Dias Tores, delegado à convenção regional
Emanuel Matos Torres
Mílton Nunes de Araújo
Salvador Lopes Gonsalves
Wolmar Dias Torres
Aderaldo Ferreira da Silva
José Antonio dos Santos
Deroaldo Franco de Andrade
José Newton de Araújo
Paulo Cezar Dias Torres
Antonio Félix dos Santos
José Reis Brandão
Antonieta Galdieri, suplente de delegado à convenção regional
Lindovaldo Ferreira Rêgo
Paulo Roberto da Mota
Durval Santos Torres
Maria Valdecy de Aquino Souza
Lia Suzuki
Roberval Dias Torres
José Alves de Sena
Manoel Gonçalves Buriti
Durval de Aquino Filho
Eulália Gonçalves de Souza
Jaélio Ribeiro da Silva
Suplentes:
Maria Elizabeth Dias Torres
Eleutério Bahia da Silva
Raimundo Mendes Varjão
José Clodonildo Duarte de Andrade
José da Silva Gama
Mário Cézar Torres da Silva
Valdemar Batista do Nascimento
João Gonçalves dos Santos
Comissão Executiva:
Emanuel Matos Torres, presidente
Omar Dias Torres, vice-presidente
Mílton Nunes de Araújo, secretário
Salvador Lopes Gonsalves, tesoureiro
José Reis Brandão, suplente
Deroaldo Franco de Andrade, suplente
Curaçá sempre foi celeiro de boas ideias, de bons exemplos. Continua sendo.
Se as tempestades carregaram a disposição da luta, mantiveram os sonhos, a esperança e a ilusão de transformar o mundo.
Como disse Barrymore (1882-1942), “o homem nunca será velho se os seus lamentos não tomarem o lugar de seus sonhos”.
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