Em Chorrochó, uma confusa linguagem política

Em 1974, quando situação e oposição se resumiam em ARENA e MDB, a oposição da Bahia lançou Clemens Sampaio candidato ao Senado, para disputar com o historiador e ex-governador arenista Luís Viana Filho, descendente do conselheiro Luís Viana e nascido na França.

Clemens Sampaio perdeu feio. As urnas foram cruéis com a oposição. Luiz Viana Filho abocanhou 848.943 votos contra 412.843 de Clemens Sampaio.

Advogado nascido em Amargosa e fazendeiro em São Francisco do Conde, Clemens Sampaio se entrincheirou na oposição durante décadas, mas lhe faltava o discurso certo para ajustá-lo à realidade.

Durante a campanha, por falta de plataforma eleitoral – que a oposição não tinha – Clemens Sampaio se agarrou ao fato de Luís Viana Filho ter nascido em Paris e ironizava nos comícios, em tom de desafio: “Quero que Luís Viana declare o nome da rua, o número da casa e a cidade onde nasceu”.

O jornalista Sebastião Nery, baiano de Jaguaquara, deu a senha para que a fraca oposição da Bahia perdesse a eleição:

– “Que diferença faz para o MDB e para o povo baiano, para as teses nacionais da oposição e para o abandono do interior da Bahia, que Luís Viana tenha nascido dentro da catedral de Salvador ou às margens do Sena?”.

Em 1974, a oposição perdeu a eleição na Bahia por falta de assunto.

Em Chorrochó, meu simpaticíssimo município do sertão baiano, espremido entre pedras, cactos e barrancas do São Francisco, os passarinhos me contam, de quando em vez, que estou em baixa com os políticos de lá.

Dizem que o prefeito Humberto Gomes Ramos (PP) e o vereador Luiz Alberto de Menezes (PT), carinhosamente conhecido como Beto de Arnóbio, não gostam deste humilde escrevinhador.

Não estou bem certo se eles não gostam ou não dão importância, o que dá na mesma.

Não faz mal. Eu não tenho nenhuma importância.

Como não sei a razão deste não gostar, porque gosto de ambos e, confesso, até os admiro, vou levando a vida do meu jeito e cutucando-os de vez em quando, sem maldade.

O prefeito Humberto Gomes Ramos e o vereador Beto de Arnóbio representam, com clareza, a situação e a oposição de Chorrochó. Por enquanto. São senhores respeitáveis, admiráveis, dedicados ao mister político.

É certo que nunca tive a intenção de melindrá-los, nem tenho razão para isto. A imprensa é assim mesmo. Político nenhum gosta dela.

Quanto ao impoluto vereador Beto de Arnóbio, parece que ele anda meio “cabreiro” com alguns de seus colegas de Câmara Municipal e recentemente até chegou a espinafrá-los, dizendo que não têm palavra.

O homem está bravo e, nesse particular, concordo com ele: vereador tem que ter palavra e o vereador Beto de Arnóbio deve ter suas razões para achar que há colegas mudando de ideia no trajeto entre a Prefeitura e a Câmara Municipal. Mas deixa pra lá.

No que tange ao prefeito Humberto Gomes Ramos, dizem que o pessoal dele anda falando por aí que em Chorrochó há emprego adoidado, tudo por conta da competente administração de Sua Excelência.

Lorota. Não há emprego em Chorrochó e tampouco noutros municípios do Brasil. Há desempregados, subempregados, desamparados e et cetera.

Mas, não há de ser nada. Deve ser alvoroço de admiradores do prefeito.

Ou falta de assunto.

Parece que a linguagem política de Chorrochó anda confusa.

araujo-costa@uol.com.br

Uma consideração sobre “Em Chorrochó, uma confusa linguagem política”

  1. Muito boa tarde, meu caro!
    Não o conheço, mas ao ler esta matéria, ou melhor, grande parte dela, achei relevante sua contribuição, em relação aos escritos. Não sou jornalista, mas costumo ler; hábito desde a infância, por incentivo materno. Dentre os fragmentos lidos, não pude resistir ao comentar sobre a política de Chorrochó, Município de minha origem, pois sou natural do distrito de Barra do Tarrachil, situado às margens do meu amado VELHO CHICO, a quem defendo as preservação. Pois bem, meu caro, sou eleitora desde meu primeiro voto. Votei no saudoso José Juvenal, homem tranquilo e da paz, mas não conseguiu trabalhar por Chorrochó, à altura do seu merecimento, por alimentar a velha política do assistencialismo. Contudo, desconheço seu relato, quando diz que comentam sobre o sentimento de Humberto e Beto em relação a você, onde os mesmos não gostam de sua pessoa. Desconheço, totalmente, tal informação. Mas, asseguro, pelo que conheço de Humberto, homem simples, humilde e de coração bom, jamais armazenaria tal sentimento. Quanto ao político, Humberto, viu Chorrochó, como jamais, em sua história, foi vista e cuidada. Aliás, não somente Chorrochó, como suas comunidades e distritos. Com todos respeito aos que contribuíram com o desenvolvimento, Humberto e sua equipe, incluindo seu vice, foram importantes. Bastante , apenas, buscarmos dados, pra perceptível ser. Não querendo, com isso, desconhecer os erros, mas os acertos, certamente, são muito relevantes. Assim como o foi, o nosso presidente Lula, pro Brasil. Caso queira conversar no ZAP, disponibilizo-o: 71-99729-7755. Abraço.. Admirável, concordo, sua matéria!
    Abraço

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