Em política, o importante não é o que se vê, mas o que não se vê.
As coisas vistas, mais do que fatos, vão-se para o universo das versões; as não vistas, embora fatos, têm o condão de decidir momentos importantes da história.
Em data recente, deu-se a inauguração de uma ponte lá para as bandas de Sergipe (Propriá) e Alagoas (Porto Real do Colégio) se, geograficamente, não estou equivocado a ponto de misturar alhos com bugalhos.
A Bahia – feudo do PT – nada tinha com a inauguração, mas ACM Neto estava lá, matreiramente, conjecturando com o presidente Bolsonaro, sem estardalhaço.
A imprensa não notou o fato político ou não quis dar importância, uma maldosa e silenciosa forma de dizer que o presidente da República está isolado politicamente.
A imprensa, que tem o dever de informar, não informou.
A experiente jornalista Rosângela Bittar (O Estado de S.Paulo) saiu à frente e resumiu o fato político: “A Bahia, ausente do fato, estava na foto”.
É o bastante.
O que veio depois, todos sabem. ACM Neto deu uma monumental rasteira em Rodrigo Maia (DEM-RJ), então presidente da Câmara dos Deputados que, em conluio com João Dória (PSDB), governador-pavão de São Paulo, engendrava impor uma derrota ao presidente da República na Câmara e no Senado Federal.
Rodrigo Maia contava com a força do DEM, mas se esqueceu de avisar ACM Neto, presidente do partido.
Não deu certo. Ingênuos e pedantes, Rodrigo Maia e João Dória se viram diante de uma cilada preparada por ACM Neto e ambos perderam retumbantemente as presidências da Câmara e do Senado, que davam a vitória como favas contadas.
Quem acompanha política de bastidores sabe. As eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senador Federal estavam sendo transformadas em trampolim para o palanque sujo que João Dória está montando para 2022. Rodrigo Maia fazia parte do complô.
João Dória está irritadíssimo, principalmente depois que, em debate ao vivo, o colunista e ideólogo Rodrigo Constantino disse ao governador que ele não ganhará mais eleição nem para síndico de prédio, tamanha a desfaçatez de suas ações gritantemente voltadas aos seus interesses pessoais escusos.
À beira de um ataque de nervos, João Dória não tem preparo para governar o Estado de São Paulo e tem dificuldade de absorver as críticas.
Péssimo estrategista, João Dória vale-se da pandemia do coronavírus, da vacina do Instituto Butantan e do sofrimento do povo para se promover politicamente.
Convenhamos, este não é um bom atestado de caráter.
Um governador decente e atento às suas atribuições fá-lo-ia diferente, diria Jânio Quadros.
Mas os erros que as urnas produzem também fazem parte do exercício democrático e João Dória está lá por vontade soberana do povo.
De outro turno, ACM Neto está preparando o terreno para sair candidato ao governo da Bahia nas futuras eleições e cavando a estrutura do PT para desmoroná-lo no estado. Por isto seu desempenho nas eleições da Câmara e Senado.
Por aí se vê que as eleições para o comando das duas casas do Congresso Nacional acabaram sinalizando como será o cenário das eleições de 2022.
Quase egresso da adolescência política – tem 42 anos – ACM Neto pode surpreender.
araujo-costa@uol.com.br
muito, bom
CurtirCurtir