Os “picaretas” que Lula da Silva noticiou

Ganhar R$ 183 mil por mês ou R$ 2,19 milhões por ano – e ficar em casa – até eu que sou besta gostaria.

É esta a quantia que cada deputado federal embolsa, entre salário, verbas de gabinete, cotas, mordomias, passagens áreas, assessores et cetera, segundo dados de 2020, certamente desatualizados.

Mas a desconfiança aumentou quanto à seriedade de Suas Excelências.

A própria Câmara dos Deputados acha que, com a pandemia e os deputados em casa, há assessores votando como se deputados fossem.

Na última quinta-feira aconteceu fato inédito: 504 deputados “compareceram” a 26 votações na Câmara dos Deputados e, mais do que isto, “votaram”.

Pior foi o ineditismo da afronta: das 09:00 h da manhã às 20:00 h, todos esses 504 parlamentares “permaneceram” em plenário, “votando”.

Quanta dedicação à causa do povo!

Excetuadas ocasiões especialíssimas, isto não acontece. Quinta-feira os deputados já estão esvaziando Brasília em revoada para seus estados.

A Folha de S.Paulo fez o registro. Em 25/05/2021, “apesar do quórum de uma das votações totalizar 454 parlamentares, a sala virtual de discussão só tinha 44 participantes, sendo boa parte com o microfone e o vídeo do celular desligados. No plenário físico, havia cerca de 30 parlamentares”.

Os deputados votam pelo celular – ou dizem que votam – onde quer que estejam.

A maracutaia funciona assim: o deputado cadastra o celular no sistema da Câmara, cria uma senha e login e a bagunça está feita.

Basta passar a senha de acesso para os assessores e ir tomar banho de praia ou descansar na chácara com a família e amigos.

Aliás, nem precisa ser assessor. Com os dados de acesso, qualquer um vota.

Há precedentes em 1988 e 1998 envolvendo parlamentares. Deputado e senador votaram no lugar de colegas ausentes.

E o dinheiro cai mensalmente na conta de Suas Excelências.

O povo paga.

Em 1993, quando era presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), num discurso em Ariquemes (RO), Lula da Silva disse que no Congresso Nacional havia pelos menos “300 picaretas”.

Não deve ter mudado muita coisa.

Observação:

Artigo baseado em matéria da Folha de S.Paulo, 14/06/2021, edição impressa, página A4.

araujo-costa@uol.com.br

Uma consideração sobre “Os “picaretas” que Lula da Silva noticiou”

  1. Se fizéssemos uma pesquisa com a população brasileira (honesta), e perguntássemos se estariam de acordo com os salários e mordomias dos deputados, senadores, ministros do supremo, etc, tenho certeza que todos registrariam o seu seu mais profundo desacordo.
    Desta forma, considero que houve e está havendo desvio de recursos públicos.
    O dinheiro arrecadado com impostos é da Nação brasileira, não é desses empregados do povo. Eles não podem apoderar-se desses recursos como bem entenderem. No mínimo poderíamos classificar esse escracho, como “legislar em causa própria”.
    Teríamos que desenvolver uma forma para regular e limitar, os salários e mordomias desses empregados do povo.
    P.S. Já o comentário feito por Lula da Silva soa como irônico, já que esse senhor foi o maior defraudador do bem público.

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