A CPI da Pandemia e o plantio de melancia

O deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE, por enquanto), que ficou famoso, não por ser deputado, mas por ser namorado da apresentadora Fátima Bernardes, da TV Globo, “apresentou requerimento à mesa da Câmara para convocação do ministro da Defesa, general Braga Netto e dos comandantes das três Forças para que eles expliquem as ameaças que fizeram ao senador Omar Aziz (PSD-AM) e ao Congresso” (Blog de Miriam Leitão, O Globo, 08/07/2021).

O inexperiente deputado de Pernambuco está se metendo em conversa de gente grande.

Este é assunto para parlamentares experientes, que entendem de Congresso Nacional e dos meandros da política e não para novel estreante que vive deslumbrado com a namorada rica e famosa.  

O assunto já foi razoavelmente contornado. O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, explicou que suas palavras não tiveram a intenção de atingir as Forças Armadas.

Segundo o senador do Amazonas, ele se referiu a alguns militares, isoladamente, que parecem envolvidos em assuntos nebulosos no Ministério da Saúde e não às Forças Armadas como instituição de Estado.

Compreensível a explicação do senador Omar Aziz. No contexto, também é compreensível a nota dos militares.

Entretanto, parece que alguns membros da CPI da Pandemia e outros políticos periféricos, com o intuito de aparecerem, estão imprudentemente jogando gasolina na fogueira, o que é temerário.  

A CPI tem limites. A democracia tem regras e uma dessas regras é não ter fronteira para nossas palavras, desde que ditas na esteira da sobriedade, decência e respeito à honra alheia.

Como se vê, o Brasil vai precisar aumentar o plantio de melancia.

São muitos políticos que vão precisar de melancia para pendurá-la no pescoço, a exemplo do deputado Túlio Gadelha, que quer aparecer a todo custo neste momento tão delicado para as instituições nacionais.

Nunca é demais lembrar: foi um jovem e inexperiente deputado fluminense – Márcio Moreira Alves – que provocou os militares em discurso na Câmara dos Deputados em 1968 e detonou a crise que culminou com a edição do Ato Institucional número 5 (AI-5), de tão triste memória.

Aquiete-se deputado Túlio Gadelha. Para participar de conversa de gente grande é preciso ter estofo.

Há muitas formas de servir a sociedade na condição de parlamentar. Sua contribuição maior é ficar em silêncio.

Abaixo a nota do Ministério da Defesa e dos comandantes militares:

araujo-costa@uol.com.br

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