Curaçá: Elzeneide e a crônica difícil

Em 25/04/2015, publiquei a crônica abaixo transcrita.

Em momento muito difícil e um tanto despedaçado, falava sobre Elzeneide Monteiro Barbosa, minha amiga dos tempos do Colégio Municipal Professor Ivo Braga, de Curaçá.

Há algum tempo, um leitor de Curaçá me pediu que lhe mandasse cópia, razão por que peço desculpa pela demora. Invés de mandar-lhe cópia, reproduzo-a na íntegra.

Ei-la:

Desculpe-me, Elzeneide, não entendi. É muito difícil.

Você, que tanto amou sua família, os amigos, seus colegas de profissão. Amou excelentemente a vida e toda a gente de Curaçá.

Você que tanto ouviu Dave Maclean cantar “We said goodbye”, não como adeus, mas como presença de vida e tantas vezes se emocionou com Benito Di Paula cantando “Além de tudo”.

Você que tinha no coração a razão da amizade, o porquê do gostar e a essência da felicidade.

Você que tanto sorria e brilhava em seu caminhar decidido, firme, indubitável.

Logo você, Elzeneide?

Por que agora? Cadê Elzi, Elita, Edelita? Cadê seus irmãos? Cadê a saudade de seu pai Otoni e de sua mãe que você tanto amava?

Cadê seu pessoal de casa, sua descendência? Você os deixou e também a todos nós, seus amigos. Prematuramente, inexplicavelmente. Saudosamente.

Cadê seu sorriso largo, espontâneo, sincero?

Acho que você quis dizer: “felicidade foi-se embora”.

Não era assim que dizia Lupicínio Rodrigues, que tanto gostávamos de cantar, em nossa juventude, nos tempos de estudantes no curaçaense Colégio Municipal Professor Ivo Braga?    

As notícias às vezes são tristes, dilaceram, cutucam, diminuem nosso ser, alquebram a existência.

Começo e termino esta crônica assim: triste, dilacerado, diminuído. Perdi uma amiga, uma confidente, uma parte de minha história de vida: Elzeneide Monteiro Barbosa.

A vida é um emaranhado de circunstâncias. Há de tudo: tropeços, alegrias, vicissitudes, acasos, saudade, angústias e até, raramente, felicidade. Mas quando chega o fim, só resta a resignação para quem ainda continua à espera do ocaso.  

E esta crônica não pode continuar, porque é triste, fala de um momento duro, cruel, difícil de entender. E ninguém gosta de tristeza.

Mas guardo o registro da amizade de Elzeneide: pura, sadia, inquebrantável, inesquecível.

Guardo a lembrança da sinceridade, do desvelo, da prestatividade, da ausência de maldade no viver da amiga sincera e presente em todas as horas.

A distância nunca encolheu nosso contato. Guardo o carinho, o sorriso inesquecível e também a dor do adeus.

Hoje “meu sorriso sem graça chorou” (“Ah! como eu amei”, Benito Di Paula). 

araujo-costa@uol.com.br

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