Preciosos tesouros, minha riqueza

Thábata e Bruno/Thamara e Otávio/Thássia e Thales.

Há uma frase atribuída a José Martí, filósofo e político nacionalista cubano (1853-1895), segundo a qual há três coisas que a pessoa deve fazer durante a vida: “plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”.

Fiz as três coisas, com modéstia. A ordem não foi necessariamente esta. Quiçá a ordem tenha obedecido minha humildade e meu cauteloso caminhar, difícil, espinhoso, às vezes titubeante, outras vezes resoluto.

Plantei árvores. Algumas cresceram frondosamente e floresceram. Outras não suportaram minha insípida e insignificante contribuição à natureza e não se foram adiante.

Escrevi livros, poucos. Não com a intenção de ficar famoso ou ganhar dinheiro. Nunca procurei fama, posições, badalações sociais, estrelismo.

Escrevo para robustecer o “teatro da alma”, registrar os ruídos do tempo, afastar os espinhos do caminho. São tantos!

Escrevo para firmar meu pensamento. Sem destinatários. É uma luta em defesa de nossa Pátria tão vilipendiada, destroçada e, sobretudo, espezinhada por supostos patriotas que se arvoram em únicos responsáveis pelos destinos dos brasileiros humildes. Péssimos responsáveis, abomináveis responsáveis.

Escrevo, também, para exaltar as amizades que tive, agradecer às pessoas que me ajudaram na vida e a todos aqueles que, humildes como eu, não se elevaram ao pedestal da arrogância, nem acima dos ombros dos semelhantes.

Sempre dispensei os hipócritas, a falsidade, a fragilidade dos que não sabem conviver com as dificuldades do caminho. Caminhar é difícil, não importa o destino.

Às vezes e quase sempre a solidão é a melhor companheira nessa jornada de plantar árvores, ter filhos e escrever livros.

Muitos se aproximam diante do sucesso, quase todos se afastam no infortúnio, nos momentos mais difíceis. Ficam os poucos e raros amigos, aqueles que chegam quanto as outras pessoas estão indo embora.

Penso como o poeta espanhol Antonio Machado: “Caminhante, não há caminho. O caminho se faz ao caminhar”. Mas nunca me verguei diante das dificuldades, nem me apequenei frente às vicissitudes da vida.

Sou de berço humilde. Orgulho-me disto. A defesa de meus valores não depende de minha condição social e financeira, nem se sustenta nos sonhos que procurei alcançar, mas da inflexibilidade do caráter que carrego desde a juventude.

Tive filhas: três. Meus maiores tesouros, os únicos tesouros, insubstituíveis tesouros, incomparáveis tesouros relativamente a quaisquer outros.

Entretanto, as árvores plantadas e os livros escritos são insignificantes diante do sentido da construção de meu mundo retratado em minhas filhas, todas humildes como eu.

Cito-as todas, com indisfarçável orgulho: Thábata Aline Faria de Araújo Costa, Thamara Annelise Faria de Araújo Costa e Thássia Anneyse Faria de Araújo Costa.

Sempre fui renitente, arredio e reticente em trazê-las para meu mundo da escrita, dos livros e das redes sociais, por uma razão muito simples e óbvia: evitar a exposição de todas elas a esse mundo perigoso, cruel e incompreensivo.

As agressões geralmente partem de quem não nos conhecem, sequer sabem o sentido de ofender e agredir. São inconsequentes, desprezíveis. Difícil entender essa selvageria. Jogam-se pedras em qualquer direção, a esmo.

Entretanto, nesse 2022, estou completando idade septuagenária. Minha importância se vai diminuindo no contexto familiar e minhas filhas não mais dependem de mim para continuarem em busca de seus horizontes, de seus sonhos, da caminhada em direção ao desconhecido.

Cresceram, cada uma escorando-se em seu próprio esforço.

Estudaram, se destacaram profissionalmente. Erigiram-se diante da sociedade e se sustentam em suas próprias convicções, belas convicções,que as admiro.   

Nesse caminhar, confesso: lutei, amei, sorri, chorei, tropecei e andei sobre escombros de meus próprios erros. Mas não desisti. Não desisto, não vou desistir, nunca vou desistir.

Dificuldades muitas, mas antevendo sempre o começo de um novo caminhar.

Há esperança, sempre. A alvorada continuará bonita, o sol sempre vai iluminar a todos.  

Minha caminhada ainda não chegou ao fim. Mesmo quando o sol se esconde nas montanhas do tempo há a esperança do amanhã.

Quando minha vida se expirar, não deixarei riqueza, tampouco fama e, menos ainda, deixarei ruína de caráter que possa envergonhar minhas filhas. Elas são gigantes morais diante do mundo.

Deixarei o amor e o rastro do amor que sinto por elas. Infinitamente.

Dentre os amigos que encontrei no decorrer do caminhar, alguns me chegaram por intermédio delas e passaram a fazer parte do meu dia a dia. São os genros: Thales Henrique, Otávio Virgínio e Bruno Marcel.

Estamos caminhando juntos. Pretendemos continuar caminhando juntos.

araujo-costa@uol.com.br

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