Memória da ditadura: Amália Lucy Geisel

Da esquerda para a direita, Amália Lucy, Ernesto Geisel e Lucy Geisel/reprodução Google

Amália Lucy Geisel, filha do general-presidente Ernesto Geisel (1907-1996), faleceu em 17/12/2022 aos 78 anos.

Em 1974, tempo de ditadura, com o pseudônimo Julinho da Adelaide e para driblar a censura, Chico Buarque de Hollanda compôs Jorge Maravilha. Lá ele dizia “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”.

Dizia-se na época que era um recado para o presidente Geisel, que não gostava de Chico, mas sua filha Lucy gostava.

Ao jornalista Tarso de Castro (Folha de S.Paulo), Chico disse: “Aconteceu de eu ser detido por agentes de segurança, e no elevador o cara me pediu um autógrafo para a filha dele”.

À revista Almanaque, Chico disse em 2007: “Nunca fiz música pensando na filha de Geisel, mas essas histórias colam, há invencionices que nem adianta mais negar. Durante a ditadura, de um lado e de outro, as pessoas gostavam de atribuir aos artistas intenções que nunca lhes passaram pela cabeça”. 

Mais lenda do que realidade, embora integre a memória da época, o fato é que nunca se teve notícia de que o presidente Geisel não gostava de Chico Buarque, nem que Lucy gostava dele.

Ambos eram discretos, introvertidos, arredios.

Embora famosa, Lucy Geisel não concedia entrevistas e nunca se casou.

Já em tempos de democracia, Chico Buarque disse que de fato cutucava os militares.

O jornalista Elio Gaspari (Folha de S.Paulo, 19/12/2022) conta que Amália Lucy era historiadora e exerceu um cargo no Ministério da Educação.

Ético, quando assumiu o governo, o presidente Geisel pediu que ela deixasse o emprego. Ela obedeceu.

Post scriptum:

Referência: Wagner Homem, em História de canções: Chico Buarque (Leya, 2009) e artigo de Elio Gaspari (Folha de S.Paulo).

araujo-costa@uol.com.br

Uma consideração sobre “Memória da ditadura: Amália Lucy Geisel”

  1. Que Deus a tenha. Ela sempre acompanhava o pai nas viagens e eventos, documentando tudo com sua câmera fotográfica. Alta, magra e desprovida de beleza, Amália nunca se casou. Juca Chaves a apelidou de “Alface de Boteco”, aquela que vai de um lado pro outro e ninguém come…

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