A frase não é minha. É de Marguerite Duras, romancista vietnamita (1914-1996).
Não é contraditório dizer isto. É olhar para trás e constatar que deixamos de dar alguns passos na ocasião própria ou demos passos tardios.
Ou, quando seguimos adiante, já não era mais tempo de dar passos.
É o embaralhamento das coisas da vida.
Conheci Lenisse na juventude, ainda Maria Lenisse Oliveira Alves. Bem depois incorporou Santana ao nome, em razão do casamento com Juracy Santana, admirável criatura que as circunstâncias da vida levaram para Chorrochó.
Juracy foi meu colega de quarto e amigo de sofrimento. Dividíamos as confidências, os segredos, as decepções.
A estrutura familiar paterna de Lenisse está em Patamuté.
O pai Macário Alves Filho (Senhorzinho), filho de Macário Alves e de Maria Querubina dos Santos. O esteio materno assenta-se em Chorrochó.
A mãe Maria de Lourdes Oliveira Alves tinha esteio em Chorrochó.
A juventude é intransigente, rebelde, sustentáculo de tesouros, dentre esses a amizade.
As amizades amealhadas na juventude geralmente são as mais seguras, as mais puras, as mais duradoras. Por uma razão simples: surgiram longe da maldade, dos interesses.
Os jovens estão no mesmo patamar, igualam-se nos sonhos e na maneira de viver e encarar o tempo.
É na juventude que construímos a universidade da vida, fundada nas alegrias, dificuldades e tropeços.
A princípio, a família de Lenisse e Juracy constituiu-se de Cilene Cristianne de Oliveira Santana, Samira Liane de Oliveira Santana e Nayara Cristiane Santana Nascimento.
Penitencio-me diante das críticas, se os nomes não são exatamente estes ou se os grafei com incorreções. Justifico-me, entretanto: minha memória já está esburacada.
Em Chorrochó, Lenisse e eu fomos colegas no Colégio Normal São José. A convivência ginasial – naquele tempo havia curso ginasial – se mesclou com a amizade já de antes sustentada em nossa ligação com Patamuté. Também sou de lá.
Lenisse e eu somos da mesma geração. Não fica bem revelar a idade de Lenisse, até por uma questão de etiqueta, mas como estou em idade septuagénária, isto me autoriza a dizer que já vivemos um tanto e adquirimos experiência, senão para passar adiante, mas para nosso próprio deleite.
Boa amiga, grande amiga. Lenisse tem conversa agradável, alegre, convidativa, sorriso largo. Sempre foi assim, uma estrela.
Esta é uma crônica de saudade. A saudade cutucou, sempre cutuca.
As palavras se perdem. Os sentimentos se gastam com o tempo, mas a amizade é o liame que segura as boas lembranças.