
Salvo melhor juízo – e se minha esburacada memória não estiver sucumbindo ao abismo da envelhescência – padre Mariano Pietro Brentan chegou a Chorrochó em 04.01.1986.
Portanto, trinta e nove anos se completam neste mês de janeiro de 2025, quando se realiza a tradicional festa do padroeiro Senhor do Bonfim. Sua destinação como pároco da Freguesia de Senhor do Bonfim de Chorrochó deu-se em 06 de abril de 1986.
Padre Mariano incumbiu-se da grandiosa tarefa de suceder ao padre e primeiro vigário da paróquia, Ulisses Mônaco da Conceição, ícone admirável da Igreja de Chorrochó e isto por si só se basta: tarefa ingente, honrosa, difícil, grandiosa.
Grande empreendedor, competente zeloso das coisas da Igreja, padre Mariano conciliou, com eficiência, enquanto à frente da paróquia, seu mister de sacerdote com um trabalho simultâneo e incessante em benefício de Chorrochó.
Angariou condições para construções voltadas à Igreja e, mais ainda, empreendeu uma admirável obra social direcionada aos paroquianos. São exemplos, salvo engano: a capela Nossa Senhora da Conceição, a construção do Centro Paroquial de Chorrochó, a reforma e ampliação da Casa Paroquial e a instituição do Lar José e Maria.
Com a atuação do padre Mariano, a paróquia deixou de ser um núcleo essencialmente urbano para se transformar num edificante exemplo de amparo às comunidades rurais de Chorrochó.
Conheci padre Mariano Pietro Brentan em circunstância casual. Já morando em São Paulo, em viagem a Chorrochó, fui-lhe apresentado na residência de Maria do Socorro Menezes Ribeiro e Virgílio Ribeiro de Andrade.
Socorro e Virgílio, exemplos edificantes de hospitalidade, amizade e cordialidade. Data inesquecível, memorável, agradavelmente interessante.
Tivemos uma conversa longa sobre a Igreja, suas tradições e, sobretudo, as dificuldades por que passava um vigário do interior. Em nenhum momento reclamou do exercício de seu mister religioso.
Conversa marcadamente auspiciosa, padre Mariano falou de ritos e de história e até me fez ver a importância do Hino Queremos Deus, um dos mais tradicionais da Igreja Católica. Falou do papel da Igreja no sentido de aplainar a insensatez e ingratidão dos homens que se “erguem em vão contra o Senhor”, em todo o tempo.
Impressionei-me com a decência, cultura e espírito de solidariedade demonstrada pelo padre Mariano, ilustre representante da Igreja Católica em Chorrochó, à época.
Educado, sonhador, inquieto, responsável ao extremo pelo ofício religioso que lhe foi confiado, padre Mariano é defensor intransigente da fé católica, que a exalta admiravelmente.
O que sei – e sei pouco de sua vida – é que é italiano nascido em 06.06.1938, ordenado em 08 de dezembro de 1985 em Euclides da Cunha (BA) e, em razão dessas costumeiras decisões que a Igreja determina aos membros de seu clero, veio parar em Chorrochó.
É o que o Direito Canônico denomina de residente não incardinado, ou seja, uma liberação do religioso pela Igreja, para algum lugar, por determinado tempo.
Segundo a Igreja, padres residentes não incardinados são aqueles que exercem o ministério na diocese, embora oriundos de outra diocese ou ordem religiosa, às quais ainda estão ligados canonicamente.
Ele ficou em nosso meio, para alegria e benefício dos paroquianos de Chorrochó, por alguns anos. Sua presença era admirável, porquanto terna e essencialmente voltada para os assuntos da Igreja.
Dedicado, obediente às normas da Santa Sé universalmente aceitas, padre Mariano veio robustecer a história de Igreja de Chorrochó. Um fato louvável, espiritualmente valioso.
Em 2018, fragilizado em razão de problemas de saúde, pela primeira vez padre Mariano não compareceu aos festejos da festa de Senhor do Bonfim de Chorrochó. Talvez estivesse refletindo sobre o caminho percorrido, sua luta e seu passado de feitos e glórias.
Os esteios da contribuição de padre Mariano para Chorrochó são valiosos.
araujo-costa@uol.com.br
Justa homenagem escrever sobre esse grande homem. Mariano foi um exemplo ímpar, que Deus o tenha em sua morada eterna.
acho o padre feio para Chorrochó-BA, em 1986, mas após a festa de senhor do Bonfim, após a morte de Padre Ulisses, vou pesquisar, mas faço essa ressalva.
salvo engano ficou 3 renovações, cada de 5 anos, entre 1986 -2001, saiu insatisfeito com a diocese.
fez muitas obras e promoveu a caridade na sua essência, mas era duro nas tradições da igreja e contra as festas profanas, em respeito a essência da festa do senhor do Bonfim.
bem como acho que o primeiro ano que o mesmo não veio desde que assumiu em 1.986, foi em 2019, já doente e precisando de cuidados médicos, tenho vaga lembrança de uma conversa amistosa exatamente em 2018, quando conversamos muitas coisas, religião, família, meus pais, os avanços regionais, estudos, etc., por sinal uma das últimas que tivemos.
fiquei devendo uma visita em vida a esse homem admirável em Salvador, que prometido fazer.
Que Deus o receba em sua misericórdia 🙏🙏
Chorrochó-BA teve nomes inesquecíveis com o beato Antônio Conselheiro, fundador e construtor da igreja matriz em 1877 – 1885, nome da lavra de Padre Ulisses, professor renomado do colégio Anchieta em Salvador, que abandonou esse ofício para se dedicar e missão de evangelizar nestas terras, porque se apaixonou por seu povo e pela necessidade da igreja mais presente e aqui ficou até sua morte 1.986, mas Mariano foi um divisor de águas que não temos como descreve-lo.
Manoel Jr.
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